Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

sexta-feira, março 31, 2006

Aqui vai

Nem nos tempos áureos de testes acerca de taras e manias eu fiz esta revelação.
Achei que seria escabroso de mais e assustaria a vizinhança.
Mas com a idade (de facto, já estou mais velha uns três ou quatro meses, pelo menos) foi-se a vergonha, portanto aqui vai:

Aqui estão as fuças dos protagonistas da minha série de desenhos animados favorita.
É verídico, em lugar de permanecer fiel à animação tradicional (Heidi, Ana dos Cabelos Ruivos, Dartacão...) vendi-me ao anime japonês. Este (Cavaleiros do Zodíaco, para os incautos) e outros levaram-me ao extremo de regressar todos os dias mais cedo da praia para assistir a um mísero episódio de meia hora, que incluía 10minutos do episódio anterior. Rendi-me aos olhos esbugalhados e de cores anti-natura, às poses estilizadas e às cenas de pancadaria de fazer arrepiar as leis da gravidade.Havia um outro desenho animado ainda mais delirante em que os jogos de futebol demoravam 7 ou 8 episódios e o Japão estava no topo do ranking (eheheh!). Mas já são outras histórias.
São estes cavaleiros do zodíaco que me fazem pedir fervorosamente ao Pai Natal que traga até nós um DVD alusivo, que me fazem deambular pelas grandes superfícies na esperança de que Pai Natal tenha limpado as orelhas... O desespero de uma nulidade informática que não consegue sacar na net o que lhe faz falta (e consome o espírito). Se alguma alma caridosa quiser fazer o favor... :))))))))))

Enfim um desabafo de uma tele-viciada de gosto duvidosos...

quarta-feira, março 29, 2006

Às vezes...


Às vezes pergunto-me porque escrevo aqui.
Não, não estou a pensar desistir porque apesar do escasso público fico sempre com a impressão que continuo a fazer parte da vida desse público, mesmo que o dito público esteja a centenas de kilómetros de distância.
Escrevo porque sou exibicionista!
Porque se eu me dou ao trabalho de pensar, se me dou ao trabalho de viver, porque não hei-de partilhar com os outros, por mais absurda que seja a ideia, por mais absurda que seja a vida. Se não está escrito parece que nunca aconteceu... Seria um desperdício do meu tempo 25 anos sem acontecimentos! Ora a folha de papel cumpriria a missão, mas lá está: sou exibicionista! Não me basta "acontecer", tenho de impingir o "acontecido" aos outros! Se bem que coagir terceiros a assistir à "minha novela" sem recorrer à força física é muito complicado. Graças a Deus pela chantagem emocional (não é minha anónima?).

Claro que às vezes tb me pergunto porque vou meter o bedelho no blog alheio. É simples: porque sou coscuvilheira, uma mirone à paisana de histórias pouco escondidas.
É como se estivesse a bater a uma porta que se esqueceram de trancar, como se estivesse a ouvir uma confissão (sem acto de contrição incluído).
É estar quase lá, é continuar a fazer parte, de mundos que se cruzaram com o meu.
É encontrar sonhos, medos e barracadas familiares, mas ter de imaginar caras e gestos (claro que no caso da ameixa maria há uma trunfa ruiva incluida).

Os blogs são casas do Big Brother, sem imagens, mas cheia de cores, em que controlamos o que sai, mas em que revelamos mais do que aquilo que se veria.

...

E eu aqui, ainda à espera há 2 horas que o médico de família se digne a atender-me enquanto centenas de criancinhas (pela gritaria parecem) infestadas de bichos carpinteiros evitam que adormeça, enquanto me limito a ser espectadora da minha vida a passar...

segunda-feira, março 27, 2006

A minha Taralhoca faz anos hoje.
A minha Taralhoca (eu não haveria de ser uma taralhoca solitária) é conhecida nas redondezas como Gata.
Hoje está mais velhota.
Já não se aguenta nas pernas.
Vai-se esquecendo das coisas (por exemplo, de fazer uma visitinha à taralhoca gémea).
A esta hora provavelmente ainda está a tirar a remelita do olho (horários de quase reformada).
Esporadicamente tem alucinações com uma prateleira (tãtãzinha de todo, pobrezinha).
Mesmo assim tem de usar a bengalita para afastar pretendentes...

Apesar de decrépita e chéché é a minha taralhoca favorita, tem as melhores gargalhadas do mundo felino e afins e espero voltar a dar a notícia quando já não conseguirmos segurar a dentadura na boca.

Um beijo grande e muitos parabéns!!!!!!

quinta-feira, março 23, 2006

Regresso

Apesar do título não desistam de ler este post.
Garanto que abandonei a filosofia barata.
Todavia, precaução e água benta nunca prejudicaram ninguém. Eventualmente a 2ª pode deixar manchas no ecrã do computador, mas nada que um limpa vidros não resolva.
Talvez o ideal seja benzerem-se e terem fé que o exorcismo praticado pela falta de comentários livrou esta bloguista de revelações descabidas.
Eu supunha que andava inspirada, mas afinal inspirei demais e a hiper-oxigenação do teco deu nisto, reflexões mirabolantes dignas de um pseudo génio incompreendido sob a influência de substâncias psicotrópicas. No meu caso, nem génio, nem substâncias, só oxigénio a mais.

Estou de volta às minhas pequenas futilidades, ao meu corriqueiro "chiça panico" e espero sinceramente ser readmitida no círculo dos "comentáveis".

Fui à minha 1ª entrevista de emprego. Na verdade entrevista para estágio profissional. Porque não estando eu desempregada, a verdade é que não tenho emprego (ou seja, não tenho guito ao fim do mês). Faço parte da minoria marginalizada dos profissionais liberais sem carteira de clientes. Na tentativa de ser aceite pelo mundo em geral resolvi sacudir o meu prezado sedentarismo e fazer pela vida.
E assim, de um dia para o outro, chegou uma telefonema a informar-me que no dia seguinte tinha uma entrevista para o gabinete jurídico do hospital cá da terrinha.
Saquei do rímel (mesmo semi seco a minha única mais-valia sobre a concorrência), esforcei-me por domar o cabelo e fiz-me à estrada. Cheguei 15 minutos mais cedo (coisa impensável) e fui acomodada num cadeirão fofo que por pouco não me engoliu.
Foi ali, afundada nos meus pensamentos e no cadeirão, que dei por mim de olhos postos nas botas que trazia calçadas. Botas de matar as baratas nos cantos. Botas tão comuns que as baratas dos cantos estarão certamente à beira da extinção. Mas o que importa meia dúzia de baratas quando é a nossa auto-estima que está em causa? Não há como um salto alto para renovar a confiança na aparência. Instantaneamente sinto-me mais elegante, mais afirmativa, mais segura. Por causa de uns saltos altos esfacelados de tanto andar - tenho os saltos, mas não tenho o estilo de vida a condizer. Passo a olhar o mundo de cima para baixo do meu metro e setenta e quatro mais salto, excepto quando tropeço porque o dito cujo ficou preso algures(confiança para o galheiro).
Andei perdida nesta profunda divagação os dois minutos que tardaram a desenterrar-me do cadeirão.
São muito bonitos os saltos, mas treze minutos depois (o tamanho exacto da minha cunha) só queria as minhas sapatilhas para poder voltar para casa.

sexta-feira, março 17, 2006

Ataque preventivo

Uma mão vinda não se sabe de onde.
Um soluçar ofendido.
"Oh mãe, porque é que me bateste? Eu não fiz nada!!!"
"Se ainda não a pregaste, deves estar para a pregar."
Pelo sim, pelo não uma "sacudidela de pó" preventiva.

Mais tarde deixa de fazer falta uma intervenção maternal. O soluçar ofendido continua lá, mas já não faz falta a mão alheia. O algoz está cá dentro.
Irritamo-nos, demovemo-nos, desistimos, criticamo-nos, esquecemos ... sempre por antecipado.
Por causa de um "talvez", às vezes de um "provavelmente" choramos baba e ranho sem verter uma lágrima.
Eventualmente acabaremos por a "pregar". Quase de certeza chegará a hora do "castigo". Mas porquê começar a penitência enquanto essa hora não chega? Porquê se não vai evitar nada? E retaliar contra nós próprios não é coisa bonita...

Fim aos ataques preventivos. Nunca deram bom resultado.

segunda-feira, março 13, 2006

Lá diz a minha avozinha

Casa varrida não adianta vida, casa por varrer há sempre o que fazer.

A mesma máxima de sabedoria popular se aplica aos blogs.
Cada palavra digitada não me traz dinheiro, felicidade ou sequer resmas de comentários.
Mas cada palavra por digitar deixa um remorso recriminatório que me faz ficar acordada cerca de 5 minutos antes de adormecer... Felizmente há o velhinho diário de papel para aliviar a consciência!

Ora, como hoje não estou com vontade nenhuma de ouvir os protestos do meu calo, resolvi "varrer a casa". Tanto quanto o meu combalido estado de saúde pode permitir. Porque até estar sentada dói...
Há um dia no ano em que tenho um vislumbre do que seriam uns glúteos e umas pernas firmes (os meus). Um vislumbre agradável e extremamente doloroso. A reconvalescença deixa apenas memória e saudade do agradável.
Esse dia é aquele que se segue à sementeira des batatas. Um dia de dúvidas existenciais. Nas palavras da minha irmã:
"Há batatas novas (compradas) e batatas velhas (que se guardam do ano anterior)... as novas têm de ser cuidadosamente esfaqueadas em mil pedaços, existindo sempre a dúvida se aquele buraquito é ou não um grelo... grossas, finas, com muito os poucos grelos, espera-se que tudo brote da terra...claro que existe ainda aquela complicada questão do "estás a semear muito bastas" ou "estás a semear muito ralas" ou ainda "põe mais no cimo do rego" ou "põe no fundo do rego" ou "sai da minha zona do rego" ou "vai mais para baixo" (atenção não começem a pensar coisas, estou a falar de batatas e de regos feitos com o tractor)... questões muito dificeis de resolver e que conduzem sempre a conversas interessantes.... então quando a minha avó chega ao campo de batalha é que está tudo perdido "venham fazer mais uma vala aqui em cima" "não me pisem os espinafres" "ó vó deixe de ajeitar as batatas que nós já pusemos"... um perfeito circo..."

Um circo muito peculiar o nosso, de grelos, regos e divergências insanáveis quanto à posição da batata... e que exige muito do corpo. Sobretudo quando na ressaca do circo somos arrancadas de uma saudável e macabra sessão de fotos com um tentilhão morto e em vias de se tornar espantalho para perseguir um tractor possuído pelo demo (com a cara do meu pai) e espalhar adubo no seu lastre... Não há merenda que nos valha!

Dias de sol e de suor, em que se reforçam os laços, se afina o físico e se arranja desculpa para confraternizar com todos os animais das redondezas, vivos (o tico, demo2) ou mortos (o tentilhão), velhos (o simão parece, depois de noites atrás das gatas) ou acabados de nascer (os cachorros da vizinha). Em que se tem tempo para tirar mais uma foto no meio dos pampilhos...

segunda-feira, março 06, 2006

Acabou...


... um longo período de reclusão auto-inflingido. Avareza de vírus! Quando têm a infeliz ideia de possuir este corpinho, não imaginam a sorte que os aguarda. Olhos chorosos, pingo constante, vias respiratórias engarrafadas, garganta inflamada... não partilho com ninguém! Vírus que pretenda constituir família desengane-se!!! Sprays, pastilhas, chás, paracetamol - os meus vírus morrem intoxicados e a progenitura acaba num caixote de lenços usados.

Levou uma semana o extermínio da leva deste ano. Os sacaninhas estavam vacinados contra as mezinhas da praxe e por muito que me enfrascasse de substâncias de gosto duvidoso não havia forma da respiração asmática dar sossego às minhas noites. Desta vez não houve ruindade crónica que me valesse para impedir a entrada a indigestos e a afonia foi tal que nem blasfemar audivelmente a respeito podia...

Levou uma semana, mas foram erradicados e viram chegar o fim sem descedência para assegurar maleitas alheias. Na família não havia invasão possível. Estava tudo imunizado graças a patologia anterior.
De legado deixaram-me uma tosse raquítica, uma especial propensão para sangrar do nariz (sou uma vampira em potência) e muita coisa atrasada, designadamente este blog. Depois de uma veemente crítica à estagnação... Culpem os vírus. Ou culpem a Gata - suspeito que era tanta a vontade de que eu não ligasse, que fez um pacto com alguma galinha infectada! E tal não foi o fervor do pacto, que teve efeitos secundários: o meu cóxis resolveu fazer uma ameaça de re-raxadela. Felizmente ficou-se pela ameaça.

Comemorei o adeus aos meus prezados intrusos com uma noite de Óscares. Eu, uma "Premiere", um pacote de filipinos e um monte de filmes que não vi, aconchegadinhos no escuro até às 4:30 da madrugada... Longe vão os tempos de noites gloriosas de divergências artísticas, conhecimento de causa, uma mesa recheada e boa companhia... Só me sobrou a manhã na cama para recordação (sim, porque eu continuo a fazer gazeta).

A bem dizer a minha semana de controlo de epidemias teve 2 pequenos (e potencialmente fatais) interregnos.
O 1º por ocasião do aniversário da minha irmã, que curiosamente coincidiu com o dia de Carnaval. Como boa desocupada que se preze resolvi não ficar sossegadinha a curar o achaque. Deixei-me levar pela imaginação (alucinações, para quem tiver a oportunidade de ver as fotos), contagiei a mana (com a alucinação, que o egoísmo de vírus persistia) e acabámos as duas com pinta de ETs desencaminhados. O resto da família apareceu muito composta (excepto a prima pequena, que é uma moça sempre solidária com a loucura alheia), mas não chegou nenhum elemento ao café sem um bigode a preceito ou uma careca pintalgada. Jamais a reputação das manas e prima seria manchada em solitário. Se é para a desgraça, que seja a ruína da família inteira.
Agora que recuperei a sanidade concluo que o comportamento demente de mim mesma e da minha irmã mesma não terá passado de uma retaliação contra o mundo por uns olhos pingões e
uma privação de hidratos de caborno respectivamente.

O 2º interregno envolveu uma chamada às 3:30 da madrugada. Um despertar brutal para a morte de uma tia avó, mais avó que tia. Um "day after" cheio de pressa e recados, de telefonemas a que a minha afónica garganta não conseguia dar resposta. Um funeral de chuva, em que a cova era pequena, e em que a cerimónia foi grande demais - com sermão da "sacristoa" para rematar, que incluiu frases tão lindas como "os verdadeiros cristãos na beira contam-se pelos dedos" (coisa que uma minhota, segundo ela, tinha de salientar), "não importa a presença do padre no funeral, se não se salvou antes não adianta" (a razão pq nunca pagarei aquela coisa ridícula que é a congra) e ainda "a família quer um padre no funeral quando nunca vai à missa". Acho que só a estupefacção conservou o silêncio. E se eu tenho raiva dessa estupefacção por não me ter deixado dar voz à revolta e indignação!! Que triste papel daquela pura alma e que falta de respeito por quem já não podia responder...
Enterrados os mortos, destacam-se os vivos. Os que nunca deram nada, os que nunca se lembraram, mas querem tudo. Haverá pior corja que uma turba de herdeiros que desprezam as pequenas coisas que fizeram a nossa história (e têm o lixo por destino) e que não hesitam em insinuar que quem sempre esteve lá "se aproveitou" do falecido?Que despejam a lágrima convencional no enterro e dois minutos depois já estão a fazer uma relação de bens? Abençoados testamentos!

Uma palavrinha à D. Ameixa Maria. Agradeço desde já as joaninhas pornográficas, muito sugestivas, a alegria do meu dia. Como pode deduzir só ontem tive a encomenda nas mãos e fez grande sucesso tanto aqui no escritório, como lá em casa (assim que a consegui arrancar do escritório). Gostei muito, se bem que o seu talento natural poderia ser um bocadinho mais reles, porque agora não tenho coragem de começar a rabiscar o dito cujo. Farei nova tentativa assim que recuperar do choque que a sua idade me causou. Bons velhos tempos em que eu era a "mais nova". Oh decadência!!!!
Mais um coisinha: pelos meus prestimosos futuros serviços ficou acordado um upgrade na encomenda e portes de envio. Trate de me informar onde poderei depositar o valor em débito, ou quer começar a nossa relação comercial com uma acção por incumprimento de contrato?
E Deus lhe pague por tão úteis recomendações, que o dano causado à 1ª página do meu livro já não há quem remedeie... :)

Uma última palavrinha para a D. Gata: ou me tira o quebranto desta malfadada gripe, ou não há receita de bolinho para ninguém!