Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

terça-feira, novembro 28, 2006

Curtas e boas:

A sanita é inequívoca e indubitavelmente produto da cabeça de um homem.
E não estou a fazer qualquer alusão trágico-cómica ao conteúdo de ambas.
Mas só alguém que mija de pé, com o alvo à vista, um sistema de direcção mais ou menos operacional e egocêntrico até à náusea poderia ter sido o pai de tal coisa.
As mulheres, que inesperadamente também têm uma bexiga, bexiga essa de capacidade limitada, estão condenadas a sentar o rabo no assento frio e a encontrar um ponto de equilíbrio precário que lhes permita fazer o servicinho sem que toda a vizinhança saiba!
As latrinas são como os criadores, não foram feitas a pensar nas mulheres...

Um dia destes, no WC...
Taralhoca: - Blablabla
Mãe da Taralhoca: - Blablabla
T: - Blabla... Chiça!! Caiu-me a caixa das lentes (aberta)
M T: - Vamos procurar com cuidado.
... (15 minutos de rabo para o ar e lanterna em punho)...
T: - Oh, mãe, agora que penso nisso, eu estou a ver bem...
Afinal ainda não tinha tirado as lentes.

Ontem no escritório:
Taralhoca: - Meu senhor eu já lhe expliquei que não estamos interessados em pousadas...
Melga enfatuada: - Mas blablablablablablablablablablablabla...
T: - Meu senhor não estamos interessados, ponto final!!!
M E: - Minha senhora, está a ser muito mal educada e eu fui correctíssimo consigo!
Alguém me segure que eu vou-me a ele!!!! E se fosse enfiar a sua língua correctíssima no objecto que criou para “miccionar”?

terça-feira, novembro 21, 2006

Acabou-se o polvo à lagareiro!
Adeus bacalhau com todos!
Filhós, até nunca mais!
Aproveitar este ano porque depois não há nada para ninguém!
Azeite só o da prateleira do supermercado e como nem o supermercado, nem a prateleira, nem o azeite inspiram confiança, o “ouro líquido” está oficialmente fora do menu.
Sacrifico a dieta mediterrânea em nome do meu corpinho. Não porque a minha amostra de banha trema de excitação à vista do pãozinho afogado no dito cujo – que treme – mas porque a apanha da azeitona faz tremer a banha e o resto... de terror!
Terror das azeitonas torpedo, das folhas que se nos enfiam nos olhos, do orvalho matutino, dos panais escorregadios...
A azeitona impõe uma verdadeira ditadura do medo e para medricas estou cá eu! Inevitável depois do tratamento completo no spa da oliva: azeitonas dentro das botas, azeitonas até aos joelhos, saca de azeitonas às costas (uma tentativa frustada...), azeitonas nos bolsos, mergulho na azeitona (num depósito atestado dela)... Só as entranhas se salvaram e mesmo assim, ao final do dia, também hastearam a bandeira branca.
Até sempre ementa que eu conheci...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Não há melhor receita para a felicidade que um abraço.
Um abraço com ternura, com saudade, com entusiasmo, com vontade...
O amor espontâneo.

Quem quer um abraço " com todos"?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Toquei à campainha. O toque do costume dispensa resposta. O clique ruidoso da fechadura eléctrica diz-me que lá em cima sabem que cheguei. A rapidez com que o clique chegou diz-me que lá em cima não ignoram que aqui fora está a chover.
Assim que tiro o pé do molhado e entro no hall do prédio encaro-os.
Embrulhados em fatos feitos à medida a tentar em vão ser tão discretos quanto os sapatos pretos que trazem, denunciados por um "boa tarde" reflexo.
Subi o primeiro degrau, escalei o segundo, trepei pelo terceiro e quando chego ao quarto... não me estranha a ausência da cama, estranha-me que um sapato preto circunspecto tenha subido o primeiro degrau.
Galgo o 5º, 6º, 7º e 8º degraus. Chego ao primeiro patamar e apagando as pegadas húmidas que fui deixando vêm quatro sapatos pretos, o prelúdio de dois fatos feitos à medida.
Mais dois lanços de escadas, um novo patamar e fico convencida de que não é uma porta que querem, querem-me a mim.
Ao terceiro patamar já não havia espaço para as pegadas. À direita um corrimão, à esquerda uma parede.
Segui em frente, até ao quarto patamar, até à porta do meu aconchego.

A dois passos de deixar de ser presa, torno-me interlocutora:
"Desculpe, sem querer parecer que isto é uma perseguição..."
(não... certamente tinham assuntos prementes a tratar no forro!)

Eu não compro, não vendo, não tenho.
Estes tipos das imobiliárias são doidos!!!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Em boca fechada não entra mosca (ou bicheza pior) nem sai asneira (ou um perdigoto ocasional). Há questões em relação às quais as bocas deveriam ser cosidas para não correr o risco... o risco de ouvir o volume subir e as barbaridades transbordarem.
Há questões em relação às quais o debate é inútil porque não há debate que cante vitória sobre uma convicção... não há debate que de tão aceso não deite faísca.
Clubismo, religião, aborto. Opções pessoais arreigadas. Não há discussão que não extreme posições. No meio de vozes exaltadas perde-se aquela que nos poderia fazer ouvir.
As nossas escolhas mudam quando nós mudamos e nós não mudamos ao sabor dos argumentos apaixonados. Mudamos ao sabor da vida que corre, pela calada das experiências que vão ficando, da informação que vai chegando.
Só cada um, a cada momento saberá por quem o coração torce, a quem o desespero pede, os filhos que se querem trazer ao mundo...