Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

sexta-feira, março 30, 2007

Perseguem-me. E já não é de hoje. Vivo em sobressalto constante, vítima de assaltos a cabeça desarmada nos momentos mais insólitos. A matilha dos devaneios já não espera sequer um momento de distracção. Sou atacada mesmo quando estou concentrada.
A limpar o pó, por exemplo.
Dei por mim, entre uma espanadela e outra, a pensar no tanto que tenho. Em todas as pequenas ou grandes coisas que dão cor ou poluem, que ocupam o meu espaço. Um “tanto” que não me deixa reconhecer metade nem sentir a falta da maioria. O meu pequeno mundo – um depósito de objectos...obsoletos.
Não fosse eu quem sou e as estantes teriam ficado bem mais leves e eu com um tanto menos, mas ia sendo estropiada por um novo devaneio que entrou de rompante e obliterou o 1º, a quem nunca mais ninguém viu. Se não devaneio do cu devaneio das calças, até porque foram calças o meu 2º devaneio: o porquê das calças que se usam a meio da nádega, exibindo o rabo que não se tem...

terça-feira, março 27, 2007


As sextas-feiras podem não influenciar as marés, mas escolhem os humores. Não há como ir a um qualquer serviço público no expirar da semana para assistir na plateia aos sorrisos largos que se abrem e ao solícitos que os sorridentes funcionários podem ser.
Foi “institucionalmente” apaparicada que tomei a decisão de passar o meu Domingo a fazer pelos glúteos, para mal dos meus “ténes” rosa.
A peregrinação a Fátima do último ano pode não me ter salvo a alma pecadora, pode não me ter enchido os pés de bolhas, mas infectou-me com o bicho das caminhadas.
Esta era tão só de 15kms e aqui por estas bandas, o suficiente para sossegar a comichão que dá a bicheza da andadura. Prurido assanhado este, que me obrigou a abdicar de uma manhã na cama a favor de um despertar às 6:45 da madrugada na madrugada em que a hora tinha adiantado.
Quatro olhos papudos, os meus e os da irmã mais nova (a que se apiedou dos glúteos...), viram passar os quilómetros, através dos vidros da janela de um automóvel também ensonado, até Salvaterra do Extremo, o ponto de partida. Apesar da ora narradora, e na ocasião pendura, e de mais duas “caminhistas” recolhidas pelo caminho acicatarmos despudoradamente a Taralhoca júnior a demonstrar de forma mais assertiva a sua devoção pelo acelerador, chegámos todas atrasadas, a Taralhoca júnior com os calores, algumas cheias de pressa para encontrar um WC.
Por volta das 9 e picos, e depois de uma visita à Igreja ali do largo para passar o tempo, começámos finalmente o nosso périplo pelos montes da raia.
Todo o percurso foi feito nas margens do rio Herges, a 1ª parte na margem portuguesa, a 2ª parte na margem espanhola, sempre pelos campos, não encontrado vivalma que não mémés de toda a raça e a Guardia Civil espanhola.
Ouvimos histórias das guerras e do contrabando entre o lado de cá e o lado de lá, tendo por testemunhas as casas portuguesas construídas com a muralha obsoleta e os restos mortais do Castillo de Peñafiel, mesmo em frente, do qual não nos pudemos aproximar por estarmos no período de nidificação dos abutres e grifos que nos sobrevoavam.
Cerca de 50 pessoas seguiam em fila indiana por íngremes caminhos de pedra, veredas e escarpas, sendo acompanhados pelo coaxar dos sapos, o rumorejar da água e um sol radioso. Tão radioso que os abutres já estariam a antecipar um manjar de carne desidratada. Tiveram de fazer cruzes no bico porque de vez em quando encontrávamos a carrinha de apoio cheia de garrafas de água e borrachões.
Decorrido 1/3 do percurso, atravessámos uma ponte e “zás!”, estávamos na Espanha. Não fiquei com sotaque, mas já trazia do lado português um “amiguete”. Meteu conversa comigo ainda os pés não tinham aquecido, e quando chegámos à meta o resto dos caminhantes estavam convencidos que tinha vindo comigo. Parece-me que exerço um certo fascínio sobre criancinhas e não é de agora… Esta tinha nove anos, era muito engraçada e desviava-nos os ramos espinhentos.
Tenho a dizer-vos, caros compatriotas, que a Espanha é um país de bosta, num sentido muito mais literal daquele que eu pudera conceber. Está pejada de poias de vaca de proporções catastróficas por tudo o que é chão e tivemos de ter cuidado extremo para não conspurcar os nossos lusitanos pezinhos. O cheiro… não dizem que o homem se habitua a tudo? A mulher tb... Enfim, dou a mão à palmatória no que toca à paisagem, embora tivesse estranhado a ausência das vacas de intestino solto…
Por volta das duas horas avistámos a ponte, passagem de regresso a Portugal. Antes porém um desvio estratégico, para uma mijinha. Como pessoa consciente que sou não iria urinar em solo português, além do que, no meio de tanta caca, ninguém daria por uma pocinha de chichi.
Em Portugal tivemos direito a porco no espeto, degustado ao sol com arroz e feijão, batatas fritas e muita salada.
Depois do porco o regresso a casa, de novo sobre quatro rodas e com um escaldão na testa. Juro que na próxima caminhada não levo lencinho!

sexta-feira, março 23, 2007

Pelo menos tento ;)

quinta-feira, março 22, 2007

Estender a roupa, rodopiar, implorar a Deus, amparar a queda, apontar, pedir boleia, encestar, chamar um abraço, esbravejar, celebrar um golo, perguntar, dizer presente…

Nunca nada se fez de braços caídos
(excepto andar de autocarro, por favor)

sexta-feira, março 16, 2007

Eu tenho....
... uma gargalhada que quer sempre companhia.
... uma mente que espalha invejas.
... uma luz que faz sombra ao sol.
... um abraço que leva o fôlego.
... uma doçura com sabor a pimenta.
... um encanto que joga às escondidas com a ironia.
... um charme a que não adianta resistir.
Pode haver quem ache que eu sou convencida.
Eu acho que tenho um sophia, uma piquena, uma bailaroska, um mestre, uma heidi, um famigerado herege e uma Pat Eli. E tenho mais.
Eu acho que tenho sorte e que a minha sorte não é pouca.

segunda-feira, março 12, 2007

Baptizar é coisa perigosa. Ser baptizado coisa pior será.
Um nome infeliz é como uma nódoa que não sai, que se tenta esconder com uma alcunha, mas que conspurcará para todo o sempre o nosso BI. Uma “slogan”, que pode fazer descer consideravelmente as vendas. Um punhado de letras saído de cabecinha alheia, que se torna tão nosso como a cara que vemos ao espelho, e que, tal como esta, não pudemos escolher e sem a qual não mais nos reconhecemos.
O nome que temos é testemunho ou do pouco que os nossos baptizandos gostam de nós, ou do muito alcoolicamente incapacitados que estavam, ou do seu franco mau gosto, em qualquer dos casos condenando-nos a nós, logo na Conservatória do Registo Civil, a uma infância exposta ao ridículo e a inevitáveis consultas psiquiátricas no futuro, a eles a um ressentimento filial perpétuo e a um lar de 5ª categoria.
Ora espanta-me que, no meio de tão desenfreada diarreia legislativa, ainda não tenham sido tomadas medidas para acabar com este flagelo. Espanta-me que várias centenas de nomes não tenham sido ainda interditadas e que o baptismo lesivo dos interesses do baptizado não tenha sido ainda criminalizado.
Afinal, porque devemos ser apenas nós pagar pelos erros dos outros?

terça-feira, março 06, 2007

Será que o meu espelho tem dupla personalidade?
Será um sádico?
Vezes há em que me agride visualmente com a crua (e nua) realidade. Outras mente-me sem pudor.
Será de humores ou é tendencioso?
Porque será que aqui e ali me devolve uma Taralhoca que a máquina fotográfica contesta com veemência? Uma tem fama de inoportuna, o outro carrega com o estigma de aldrabão.
Fico-me com a inoportuna, vou banir o espelho bipolar e vou conformar-me com a minha penca!