Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

quinta-feira, abril 26, 2007

Bicha Solitária...

Quem sabe até se não tão solitária assim.
Não falo de opções sexuais.
Falo da dita cuja que sem sombra de dúvidas (sim, ocasionalmente não as tenho) divide as minhas entranhas com a alma. Estou inclusivamente convencida que a tal da bicha é mais espaçosa e, não poucas vezes, põe a alma a um canto. Não creio que seja por uma questão de renda porque nunca me chegou provento nenhum pelo uso e abuso do espaço. Olheiras e remorsos nunca tiveram proveito nenhum. Enfim, parece-me que a bicha ocupa a maioria das divisões do meu corpo (muito naturalmente, já que sou grande aprovisionadora) ou o corpo seria outro.
Bicha voraz a minha. Não importa a quantidade enfardada, o único vestígio será um ligeiro e temporário avolumar das formas – dela e, consequentemente, minhas – enquanto a digestão – dela, não minha – não está concluída.
Este fim-de-semana (sim, para mim acabou ontem) arrisquei-me a empanturrá-la até à morte com semi-frio de caramelo, algodão doce, torrão, e outros que tais da mesma envergadura calórica, mas está visto que, felizmente, esta bicha pode mais que eu.
Saídas à noite, jantares de aniversário e duas romarias fazem muita mossa, excepto na bicha.
Nem à custa de muito carrossel resolve ir comer para outra freguesia. Nem seviciada com copiosas tarefas agrícolas decide trocar de restaurante. Nem importunada pela companheira de corpo a horas menos próprias, uma alma que ultimamente chega a ter “deja vu’s” de “deja vu”, se convence a ir abrir a boca noutras paragens.
A minha bicha solitária veio para ficar. Eu estou cá para a... engordar (com muito gosto).

PS: Espero que este seja um post que agrade a todos os visualmente enfermos que continuam a insistir que não estou mais gorda, incapazes de encarar o facto de que as calças estão por um fiapo. Para todos vocês: não é gordura, é a bicha que mandou construir uma garagem na pança e um condomínio fechado no rabo!
...
Rabo outra vez não, caraças!!

quarta-feira, abril 18, 2007

Não há ninguém que consiga esquivar-se à dúvida.
Essa insidiosa hesitação que aparece sempre peculiarmente maquilhada de ponto de interrogação.
Pulamos tão apressadamente de incerteza em incerteza que nem damos pelas certezas, que as decisões são engolidas por um novo maralhal de indecisões impacientes por resposta, quais crianças na idade dos porquês.
Deveria reservar as minhas interrogações para o que vale um chavelho e não andar por aí a esbanjar como se as respostas fossem acabar. Mas suponho que vim ao mundo sem o livro de instruções para as perguntas banais.
Yogurte cremoso ou de pedaços?
Ajudo a minha veemente progenitora a terminar o jantar ou continuo a escrever as minhas patacoadas?
Como o chocolate todo ou guardo um bocadinho para a minha irmã? (...a bem escrever, isto não é uma dúvida... como e prontos!)
Passo por uma cara conhecida: cumprimento ou não?
A minha vizinha já respondeu a esta por mim. Plantada na sua varanda, fala sempre comigo apesar de eu insistir em trocá-la, sem pudor, pelo pavimento. Abençoada vizinha. Para cumprimentar não apetece, mas tira-me sempre uma dúvida das costas.

domingo, abril 15, 2007

A pressa é inimiga da perfeição.
A preguiça é inimiga até do mais ou menos razoável.
Mas não há pressa ou preguiça que justifique o flagrante amordaçamento das regras de ortografia.
Maiúsculas, acentos, pontuação, foram ostracizados.
Sms e MSN, falta de espaço e rapidez, os cúmplices perfeitos do crime contra o bom português.
Os mal escreventes inveterados (ninguém está livre da sua gralha) encontraram os aliados perfeitos.

Força língua portuguesa. Alguns ainda estão contigo.

sexta-feira, abril 13, 2007

Há uma razão pela qual os filhos se emancipam: a liberdade.
A emancipação chega depois da barba rija e depois do peito feito.
A liberdade, no entretanto, vai chegando menos para os gastos e anda pela coleira, mais ou menos dissimulada, dos "nãos".
Há uma razão pela qual os filhos se emancipam: porque na mesma casa não há lugar para os que mandam e para os que já não têm idade para ser mandados.
Infelizmente a emancipação não é sempre que o homem quiser, é quando o homem puder.
Enquanto não pode... remedeia-se.

O meu glúteo tem remédio e chama-se betadine. Dizem que para se ser bela tem de se sofrer (e gastar), mas a beleza também faz sofrer. Garras afiadas, por exemplo, podem apanhar desprevenido um qualquer glúteo, mesmo que faça parte do mesmo corpo, e arrancar-lhe um bocado. Correm rumores de que o glúteo ofendido já contratou um corta-unhas para pôr em prática a lei de talião...

Nota: emancipação e rabo têm sido temas recorrentes neste blog. Até ao dia de hoje. Finito!

terça-feira, abril 10, 2007

Quando é que nos tornámos tão piegas?
Ou, se preferirem a versão politicamente correcta, quando é que nos tornámos tão susceptíveis?
Qualquer pequena contrariedade é hoje um problema, qualquer senão um drama digno de baba e ranho, qualquer contratempo a receita certa para uma visita ao psiquiatra.
Será que quando o que nos apoquentava era tão só ter o que comer éramos mais felizes? Menos choramingas com certeza.
Quando deixamos de ter amofinações que se apresentem, temos de arranjar outros agastamentos com que nos entreter.
Antes, se encontrávamos uma pedrita no caminho e dávamos-lhe uma pontapé despreocupado, agora sentamo-nos à beira dela a lamentar tão grande empecilho.
A conclusão a que me avizinho é a de que não conseguimos viver descansados. É anti-natura. Português que se preze tem de ter porque choramingar. Se não tem, arranja.
O resto do mundo anda a aportuguesar-se...
Damos por nós enredados em mais consumições do que aquelas de que podemos dar conta, ou não tivéssemos a mania dos exageros, e, sem dar por ela, à beira do desespero.
Para sobreviver temos de aprender a relativizar o que nos aflige, a ver tudo na sua proporção devida.
Mas até lá… Deus nos acuda.

quarta-feira, abril 04, 2007

Fico irritada quando marco um encontro íntimo com a minha caixa de emails e a ordinária traz consigo, sem me consultar, uma cambada de penetras encarnados em convites do Hi5, todos com voz grossa e saídos sabe Deus donde...

Fico piursa com o facto de haver por aí malta porreira que deixa a torneira aberta enquanto lava os dentes ou a louça, que se enfia no carro porque não consegue andar 5 minutos a pé, que larga as piriscas na estrada, que põe a máquina a lavar com 3 peças de roupa, que junta vidro, papel e embalagens no mesmo saco do lixo, simpaticamente delegando nos outros a missão de salvar o mundo.

Fico possessa comigo mesma quando trago a inveja encavalitada às costas, pendura que me tapa os olhos, me esconde o que tenho à frente, e me obriga a olhar para o lado.

Mas sobretudo, fico pior que uma barata qd sequer insinuam que não tenho rabo para segurar as calças!!! Não tenho qualquer protuberância pendente à Songoku, mas não deixo créditos por mãos alheias (já agora, nem o rabo). Os comentadores deste blog que tenham tento no teclado!

Acho que posso afirmar com segurança que, se não fosse a vaquinha de chocolate que a minha mana me ofereceu ontem, a coisa já tinha amargado.