Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

quarta-feira, abril 30, 2008

25 de Abril
O discurso do Presidente da República já não traz novidade.
O filme da Maria de Medeiros já vi.
Manhãs na cama há outras.

A Revolução dos Cravos foi pretexto para um salto ao lado de lá da fronteira.
De vacas, cegonhas e papoilas rezou o nosso caminho até Mérida, capital da Lusitânia.
As máquinas fotográficas já não paravam quietas no banco de trás e tanta impaciência forçou-nos a parar junto da ponte romana de Alcântara. Depois foi apertar a bexiga até ao destino e ver as horas esvaírem-se depressa demais por culpa da diferença horária.
Chegámos tarde e até à hora do almoço, que toda a viagem nos pesara na bagageira, apenas tivemos tempo para visitar o teatro e o anfiteatro romanos, antes que fôssemos dali escorraçadas ao apito.
Transferido o peso da bagageira para o estômago, delineado no mapa da cidade o plano de ataque e bem à vista do sol escaldante picámos o ponto em todo o monumento que não tinha “taquilla” à porta: Templo de Diana, Arco de Trajano, aquedutos, pontes...
Quando às 3, hora de cá, abriu o resto, ao resto nos dedicámos: Alcalabaza, Casa de Mitreo, cripta da Basílica de Santa Eulália, circo romano...
Sempre a grande velocidade, instigadas pelo meu estalar de dedos autoritário que a hora de fecho eram as 5, e sempre em busca da próxima torneira, que de uma ponta à outra da cidade não havia água que nos chegasse...
Só o Museu de Arte Romana estava aberto até às 9, mas as energias que nos sobravam pouco mais nos permitiram do que arrastarmo-nos pela sua cripta e pelos restantes três fabulosos andares.
Às 7 e picos dávamos a “faena” por terminada e assentávamos e nossa ressequida pele e extenuados músculos nos bancos do carro.
Arrancámos e só parámos em Badajoz para atestar o depósito por menos 15 cêntimos o litro e comprar caramelos, como manda a tradição. Numas bombas da Galp.
Depois foi contar quilómetros de Elvas por aí acima até chegar à banheira de casa por volta das 11 horas.
E foi isto!
Viva a liberdade e os feriados que nos dá!

quinta-feira, abril 24, 2008

As conversas de café deveriam ser banidas.
Tal qual o cholé fresquinho.
Ou pelo menos assinaladas com um triângulo bem encarnado.
Tal qual o cholé fresquinho.
Apanham-nos desprevenidos e depois “eh pá, que cena!” é dizer pouco e chungamente

A mesa está no café. As cadeiras no café estão. Chegamos nós (que só um não faz mossa). E, caramba, é só perdição.
No café ocupar uma cadeira e monopolizar uma mesa, com a conivência da companhia, é pedir à língua, que não resiste quieta a um cu sentado e um nada que fazer, que nos meta em sarilhos. Porque ou se coscuvilha ou se parvalheia. Muitas vezes se coscuvilha e parvalheia, o dois em um preferido do ócio.

Reprodução selectiva da última conversa de café:
“O que eu gostava de ter axilas como aquelas... Nos anúncios publicitários não parecem pele de galinha como as minhas... Será que há photoshop no sovaco?”
Dizer “Man, que cena marada...” não é chungo que chegue.
E eu nem sequer bebo café!!!

As conversas de café deveriam ser banidas.
Tal qual o cholé fresquinho (omitido).

terça-feira, abril 22, 2008

Diz-se que quando a chuva cai faz baixar o pó.
Lá por casa invertem-se as leis da Natureza.
A chuva e o pó são os mesmos que afligem o resto dos comuns mortais, mas a relação causa-efeito assim que nos entra porta adentro perde-se.
Explico-me: a chuva caiu e nós levantámos o pó.
Porque a chuva caiu dentro do sótão e nós tivemos de resgatar os salvados, empenhando-nos com afinco na colocação estratégica de bacias e baldes. E entre bacia e balde os trambolhos definitivamente arquivados ou de uso ocasional por ali amontoados exigiram medidas. Nós cedemos e passámos o fim-de-semana em arrumações. E o pó levantou. Sendo espirrado profusamente.
Perdemos horas naquele sótão e não há serviço que se veja. Reorganizar e dividir a roupa ou os gatafunhos de criança não sorde. Inventariar o enxoval – que eu sou moça para já ter faqueiro, prato para o bolo e toda a sorte de caixinhas da Cristal D’Arques – pouco mais. Mas é uma excelente terapia. Não há preocupação ou mau-humor que resista a um dia de arrumações a preceito. Nem asseio. Culpa de chuva, que caiu.

sexta-feira, abril 18, 2008

Sobretudo porque insisto em ficar a pé para ver a repetição da repetição dos episódios do C.S.I.

terça-feira, abril 15, 2008

Não dei a ninguém minha próxima palavra, não ofereci a ninguém o meu próximo gesto, não cedi a ninguém o meu próximo pensamento. E as palavras, gestos e pensamentos passados não são cópias dos seus antepassados nem presságio dos que estão por vir, por meros detalhes que sejam.
Portanto, que ninguém se arrogue sabedor de que vou dizer, fazer ou pensar isto ou de que quem disse, fez ou pensou aquilo fui eu... porque me conhecem.
Tão mau como me terem por coisa garantida é terem-me por coisa conhecida. Eu não tenho.
Coerente posso até ser, previsível não.
Que não esperem para jantar a contar com o ovo no cu da galinha. À galinha pode dar-lhe na veneta.

sexta-feira, abril 11, 2008

Não é segredo que gosto de velharias.
Gosto das desempoeirar e trazer para o hoje. Numa estante ou num álbum. Alguma coisa ou alguém.
Também não é segredo que gosto de cartas. Cartas que trazem palavras e uma letra, mais ou menos legível, familiares.
Os tios avós foram morrendo e velhas cartas foram-me chegando.
Dentro de uma mala antiga, muito amarfanhadas, algumas carcomidas, com uma letra que não reconheço.
Cartas do meu avô para o meu bisavô, de Moçambique, para a aldeia, de 1950 a 1962.
Eu não conheci nenhum dos dois. A minha mãe conheceu os dois por pouco tempo.A cada nova folha passada com o ferro bem quente fomos (re)descobrindo um capítulo da história que se tinha perdido. Imaginando uma voz.
Incaia, 15/02/1956
E trouxe. A minha mãe.

quarta-feira, abril 09, 2008

Ser filho de agricultores não é fácil.
Ser filho de agricultores de fim-de-semana é pior.
Mas ser filho de agricultores de Domingo é muito mais ruim (sobretudo se houver esterco envolvido)

Que o digam as minhas segundas-feiras...


quinta-feira, abril 03, 2008

Nove dias.
Nove dias inteirinhos.
162 horas, já descontadas aquelas em que me refugiei no sono para fugir à tentação.
Há 9 dias que não toco neles.
Nem sequer os chego aos lábios.
Apesar de continuarem espalhados pela casa.
Não imaginava que me fosse possível resistir-lhes 9720 minutos completos (e a contar...).
Mas cá estou eu, 583200 segundos depois sem um vestígio de ressaca.

Serei eu mais uma e libertar-se do jugo do... chocolate... em tablete?
(Flocos, bolachas, gelados... de chocolate continuam a fazer parte da “dieta”)

terça-feira, abril 01, 2008

Ainda a propósito...
“Dá-me o telemóvel já!!!!” – ora aqui está a razão pela qual eu não podia ser professora.
É que eu não só teria dado o telemóvel à fedelha, como teria dado com o telemóvel na fedelha. Uma escolha acertada de carreira privou-me de uma vida de delinquência.

Os adolescentes de hoje são uma mistura explosiva de falta de educação e costado quente, preparada com amor, carinho e muitos "nãos" sem consequência pelos ricos paizinhos.

Eu fui educada com disciplina, não com boas intenções. E continuo a agradecer aos meus pais as palmadas, que foram poucas, mas na hora exacta. Era bonito se tivesse sido eu a gritar com uma professora pelo telemóvel... haviam de me cair poucas e boas...