Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

terça-feira, setembro 30, 2008

Não se volta a casa sem nada nas mãos.
É o primeiro mandamento da minha avó.
Fazer o caminho e chegar de mãos vazias é um desperdício de energias assim a modos que a atirar para o pecado.
As mãozinhas são uns lindos apêndices, mas Deus nosso senhor não no-las deu só para brincar com o telecomando e coçar o nariz. Se Deus nosso senhor as pôs na ponta dos bracinhos terá sido com certeza para trabalhar, que Deus nosso senhor não criou preguiçosos (isso foi exclusivamente mérito nosso)
É um mandamento complicado de aplicar na cidade, onde soa a incitamento ao gamanço. Mas na aldeia, sempre que não envolva galinhas do vizinho, dá-se conta do recado. Pelo menos uma pinha na mão a minha avó traz sempre.

O passado fim-de-semana foi de vindima.
Digamos que se vai beber pouco vinho este ano.
Não regressávamos a casa de mão a abanar, mas sendo a colheita tão fraca amostra e a vontade de sermos devolvidos pela avó à procedência tão pouca, fomos apanhando aqui e ali o que estava mais… maduro.
Chegámos a casa com uvas… diospiros, maçãs, marmelos e romãs.

Não se volta a casa sem nada nas mãos.
Os mandamentos da avó dão boa salada de fruta…

terça-feira, setembro 23, 2008

A caminho do trabalho (mérito ou demérito de andar sempre a pé), no espaço de uma rua (a tal onde já encontrei uma ratazana).

“Oh filha, estás cada vez mais bonita.”
Palavras da minha ama. Ama dos 3 meses aos 13 anos. Da minha pessoa, da minha mana, dos próprios netos e de outros que foram passando. Mais uma avó emprestada. A minha avó (por influência das netas e do carinho que lhe tenho) Dona (responsabilidade dos meus pais, que sempre a trataram assim) XXX (culpa do nome que os paizinhos lhe deram).

(alguns passos adiante)

“Ahhhh (sibilar), corticeira (mais sibilar)...”
Com tanto sibilanço e perdigoto não posso garantir que fosse esta a expressão exacta. Mas tenho para mim que, que fosse esta ou outra, foi sibilada à laia de elogio. Foi o que me pareceu pelo simpático arreganhar de beiço do simpático moço da Associação Millenium.
A pressa não me deixou agradecer convenientemente nenhum dos simpáticos elogios à minha pessoa, mas cheguei ao cimo da rua convicta de que os meus modelitos agradam a amas e toxicodependentes. Chegam para e a todos.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Não, não, não!!!!!
Primeiro abrem-nos o apetite e depois resolvem “não servir mais pratos?????
CSI em substituição é uma saladinha pouco fresca... não mata a fome às minhas madrugadas...

E, se puderem, não percam este filme. É uma obra de arte.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Onomatopeias nunca foram comigo. A parte nenhuma. Aliás tanto nunca foram que o nome das ditas não me ficava e acabava por lhes chamar onomapoteias. Vi-me obrigada oferecer-lhes amêndoas na Páscoa, despesa que não me abriu o apetite para futuros convites às cujas.
Nunca foram, nem hão-de ir. Ponto assente.
Sem onomatopeias “rajada de metralhadora”, súbita e sonora, é o que melhor pode descrever o que me “atingiu” a caminho do trabalho. Antes atingir, que tocar, que distância de permeio agradece-se sempre nestas circunstâncias.
Deve ser bom ser velho. Deixar a vergonha pendurada em casa e sair para a rua sem inibições em largar uma bufazita. Ou duas. Ou uma rajada delas. Sem piscar.

sexta-feira, setembro 12, 2008


Rais'parta o blog!!! É mais teimoso que eu! O post do dia de hoje está abaixo do anterior. Porque lhe deu na veneta!!!! Chiça!!!!!!

quinta-feira, setembro 11, 2008


De pijama, sentada no sofá, a escrever miudezas.

E tu, onde estavas no momento em que um acidente de aviação se transformou num atentado terrorista?

Adeus buzina rouca, adeus vidros manuais, adeus tablier descorado pelo sol,
adeus estofos gastos, adeus pintura descascada.
Apesar das mazelas não é um adeus, finalmente. É um adeus até sempre. Ou pelo menos até à data em que o abaterem.
O nosso pópó reformou-se depois de 25 anos de serviço à família e a prenda de bodas de prata foi o adeus.
Lembro-me distintamente do dia em que o vi pela 1ª vez. Pareceu-me enorme, reluzente. Fiquei encantada.
25 anos e muitos kilómetros, muitas férias, muito vomitado, muitas sestas, muita bagagem depois perdeu o brilho, mas não o encanto.
Os meus pais ensinaram-me que as coisas não as dispensamos, só porque já há outras mais bonitas, mais modernas.
Os meus pais ensinaram-me que mesmo não sendo a mais bonita e moderna a coisa que é minha deve ser estimada.
O meu pópó resistiu um quarto de século, a exacta idade da minha irmã, e foi sempre e querido.
Podia estar a perder a cor, podia não ter fechos automáticos, mas mesmo não sendo o melhor
era o nosso. Sem peneiras. Com um ronronar que reconhecíamos à distância.
O nosso pópó era o 5º elemento da família e levou a família para todo o lado.
Hoje já não leva ninguém, é o reboque que o leva para ser desmantelado na oficina. Depois de o ter sido por nós, de véspera. Na despedida guardámos cada canto em foto e muita coisa em peças. Matrícula, banco do pendura, tapa sol, marca, recortes de cada estofo. E escrevemos mensagens de despedida nas portas.

Adeus pópó.
Por parvo que seja fico triste.

segunda-feira, setembro 08, 2008

3 kilos????????
3 kilos inteirinhos????????
3 kilos de feijão, bolos, pão, gelado, batata e bolachas na pança e no presunto??????? Próprios????????????
Férias traidoras estas que reduziram a ração diária de chocolate a um quadrado e que deram cabo (por esmagamento, pois claro) do post que aí vinha. Uma sentida homenagem ao sujeito que inventou o vidro, vidro que além de nos guardar da chuva e dos mosquitos e de dar vista à coscuvilhice, está sempre pronto a sorrir a uma prezada curva, a anicar a indumentária e a dar um jeito ao cabelo a cada porta, janela ou montra. Função socialmente relevante. Para a sociedade feminina, pelo menos. Os homens coçam, as mulheres olham. Não para a micose – dor, dor, agonia, sofrimento! – mas para a imagem que o vidro nos “devolve”
Eu que até era uma moça conforme com o que a “devolução” me trazia, por culpa das férias, ando em fuga por essas ruas fora e passei a amaldiçoar o fulanito que em lugar de se deixar estar sossegado a enterrar os pezinhos na areia, pensou “olha, já que aqui estou, porque é que não deito fogo a estas pedrinhas e maquino com as pedrinhas esturricadas uma substância reflectora para humilhar as gulosas desse mundo...”. Nada atreito a reboludinhas e a cócegas nos pés o tipo!
A balança primeiro, os vidros desta cidade depois (que espelhos em casa é só de pescoço para cima), curaram-me a nostalgia num’stantinho!!
Férias é para quem consegue ter a boca fechada!

terça-feira, setembro 02, 2008

Este blog está oficialmente reaberto.
Esta Taralhoca está "off record" não conformada.
Quero a minha praia fluvial, os hiperactivos jantares de família, o bailarico, o meu terraço, as gentes na rua à noite, os gatos da minha avó, as caminhadas e as sardinhadas de volta!
Quero as minhas férias de volta!!!

Birra à parte...

No quintal:
"Olha, atira-me aí as tuas cuecas depressa"
Recomendação futura:
Não pintar velharias ao ar livre usando como pano de limpeza umas cuecas velhas.