Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

segunda-feira, março 30, 2009

Estes mindinhos conspurcam-me a língua.
Conseguem ser mais ordinários que os jogos de futebol.
Dão-me má fama junto dos vizinhos.
E mau sabor de boca. O sabão azul lava a língua, mas amarga.

Não sei que faça. Se venda os mindinhos, se os móveis.

quarta-feira, março 25, 2009

Conforto. Preciso de conforto.
De almofadas para as costas.
De pequenos gestos para a vida.
Pequenos nadas, que roubam um sorriso sem eu lhe dê pela falta.
Pequenos nadas, que quando deixam de poder contar-se pelos dedos se somam num "para sempre".
Como se de pequeno nada em pequeno nada, por entre sorrisos distraídos, se pusesse o fim mais longe.



Um pequeno gesto? Cá em casa quem fica vai à janela acenar a quem sai. Quem sai retribui a quem fica. E é um pequeno gesto tão arreigado que já não é a primeira vez que dou por mim a acenar para a janela vazia de uma casa onde não ficou ninguém. Não tenho outro retorno que não seja o meu próprio riso de Taralhoca.

Esta semana o aceno à janela foi interditado à mãe de família. Em nome da reputação do pai de família. Porque a 1ª foi operada e ficou com um olho à belenenses com que o 2º não quer arcar.

Quem diria que aquela menina janota de 5 anos, acabadinha de chegar de África para a aldeia, que em representação da região foi dar dois beijos ao Sr. Presidente Américo Tomás, passaria um dia por uma enfermaria que em lugar de maxilo-facial mais parecia de vítimas de violência doméstica.


Bem esta semana não há pequeno gesto para ninguém. Para meu grande desconforto.

quinta-feira, março 19, 2009

Pó, cabelos, cigarros, suor, macacas... sabe-se lá quem é que já passou por elas.
Chegam-me sem referências, não poucas vezes flácidas e sem personalidade.
E eu sou obrigada a estender a minha e a apertar o que não quero.
Rais'parta profissão que me condena aos vírus, bactérias, micróbios e porcaria em geral.

segunda-feira, março 16, 2009

Post tetravalente

1 – Fui selada. Pela senhora dona Castanha Pilada. Garantiu-me ela que o selo é autocolante. Hoje em dia, com as doenças que andam praí, sobretudo de cabecinha, não quero nada com cuspe alheio, mesmo que seja de uma castanha.
Ora ficam Vossas Excelsas Excelências, meus leitores, a saber que eu sou uma “Mulher Bem Resolvida”. Mal amanhada, mas resolvidinha de todo.
Chorem de inveja, já que eu não vou selar ninguém. Em primeiro lugar porque não tenho selos autocolantes, mas tenho muita bicheza acumulada nas vias respiratórias. Em segundo lugar porque não tenho 10 mulheres na lista ao lado e não quero que pensem que foram seladas por falta de alternativas. Por último porque na minha casa sela-se o que se quer enfiar no marco do correio para seguir caminho… será que a senhora dona Castanha Pilada me quis estampilhar do seu estaminé para fora???
Se quis, temos pena, estou resolvida a não fazer-lhe a vontade!

2 – Os tempos mudam…
Hoje, quando não se tem que dizer já não se diz “ e este tempo, hein?”, opta-se por um “e esta crise, já viu?”
O aquecimento global está a perder pontos para o colapso da economia mundial.

3 – A minha irmã foi publicada .Não falo já da longínqua cena da perna escanchada no jornal “Público”. Falo no artigo que publicou num dos jornais cá da região. Publicidade encapotada com o rabo de fora. Convenhamos que coisa muito meritória não é… eu já fui publicada quando tinha apenas 7 anos de idade e a propósito da visita de estudo ao jornal, não acerca da osteoartrose do joelho, que é coisa que deve doer....

4 – Não há 13 euros melhor empregues que os gastos na compra de um frasquinho de óleo de hortelã-pimenta. O preço do mililitro está muitíssimo inflacionado, mas vale cada cêntimo. Uma meia gotinha nas frontes e puff! Adeus dor de cabeça.

terça-feira, março 10, 2009

“Quem não come por ter comido, não corre doença de perigo”
Na sms de uma amiga chegava o eco de sábias palavras maternas.
Barriga cheia não é maleita. Mas na Feira de Chocolate de Óbidos desajeita.
Rebobinando.
As manas Taralhocas andam seriamente (depauperadas) empenhadas em levar da teoria à prática o "Vá para fora cá dentro". Convertendo outros a acompanhar-nos ( e a dividir o preço do gasóil).
Assim saímos para fora do nosso estimado burgo para dentro de Óbidos, seguindo a eito pelas A's. Chegámos pouco antes da hora de abertura da FEIRA DO CHOCOLATE (Óbidos era só pretexto).
Com a compra do bilhete ofereciam logo um chocolate. Para princípio de conversa não estava nada mal. Para continuação de conversa...
... sai uma feira de chocolate num parágrafo...
Voámos na direcção da feira, calcorreando veredas enfeitadas, arrebanhando à porta chocolate estalante, guinando em seguida na direcção dos jogos tradicionais, ultrapassando tartes, gelados, conguitos e bolachas andantes, não sem nos deixarmos encantar pelos telhados das casinhas de chocolate, enfrascando-se logo ali, depois de cumprimentadas as esculturas de chocolate que não eram para o nosso dente, duas de nós com morangos regados com chocolate e uma delas, eu, enquanto fugia a bom fugir de um coelho tarado que cobiçava chocolate alheio, pouco antes de se atirar slide abaixo, por um triz não abrindo o sobrolho e levando o homem que segurava o "travão" de arrojo, rematando o castelo-feira com compras, compras, compras, na direcção da Rua Direita, docinha de tanta barraquinha, juntando ao pecúlio de suspiros, bombons, pepitas, mel, tudo de chocolate, também licor, cavacas e eu sei lá, também de chocolate, pois claro.
Pausa para mudança de linha e almoço. Bifanas degustadas junto à bagageira do carro.
E sai Óbidos num parágrafo também (para que se saiba que eu não tenho preferências).
Reentrada na vila da perdição com imediata subida à muralha, de que o vento ciclónico tentou arrancar-nos sem sucesso, conseguindo a ânsia de sobremesas o que o vento não lograra, uma descida muralha abaixo para ir buscar frutinha com chocolate, com abalada logo de seguida, em contra-corrente com a multidão que já engolia tudo, para as igrejas, fontanários e pelourinhos, no entretanto escapando rés-vés à condução imprudente de um obitense entradote, antes de rematar a visita com licor de ginja em copo de chocolate.
Dois parágrafos e um intervalo depois regressávamos ao carro, cansados e vergonhosamente desgrenhados, que o vento não estava de modas e não tinha nada bons modos.
O dia ainda não se tinha despedido, nós ainda não nos podíamos despedir também.
À procura da lagoa de Óbidos fomos ter às Caldas da Rainha. E já que por ali andávamos fomos à fábrica Bordalo Pinheiro, não vá ela lembrar-se de fechar.
Com o carro apinhado de chocolates e louça conseguimos encontrar a lagoa, que pode actualmente ser encontrada nas nossas fotos.
E já que por ali andávamos virámos na direcção da Foz do Arelho, com o propósito de ir fazer um piquenique à praia. Ideia peregrina num clima destes. O pôr-do-sol estava lindo, mas nunca se viu um grupo lanchando tão tiritantemente, de tão fustigados pela “brisa” marítima. O ponto alto da refeição foi o regresso ao carro.
Com o sol fomo-nos nós também, direcção a casa, agora sem A’s pelo meio. Tudo Nacionais e com muita volta à rotunda.

Houve quem invejosamente vaticinasse caganeira. Enganou-se.
É certo que os morangos com chocolate (que o resto foi petiscar) deram conta de mim e não me deixaram desgraçar tanto quanto seria de prever.
Afortunadamente trouxe com que me consolar nos dias seguintes… no dia seguinte… Oh bolas!! Já acabou!!

sexta-feira, março 06, 2009

“Eu já sabia que não me podia atender.”
“Eu já sabia.”
“O senhor que vinha comigo já me tinha avisado.”
“Ele bem me disse que o Dr. não me podia atender.”
“Disse-mo logo lá em baixo...”

Ah sim? Mas o seu amigo conhece o Dr.? Onde é que ele está? Ficou lá em baixo?

“Ah… Você não o consegue ver. É invisível…”

quarta-feira, março 04, 2009

Ai Cristo Senhor!!
A ventania conjurou pela minha boca o nome do filho de Deus.
Meio pecado apenas.
Porque o "Valha-me Deus" atrasou-se na corrida até à ponta da língua e enquanto o Pai não se reformar o nome do Filho não vale pecado inteiro.
Porque não foi de todo em vão.
Foi furacão.
Capaz de adiar a minha chegada ao trabalho. Não porque hesitasse em fazer-lhe frente, que eu não sou de dar negas à "arage".
Mas o Sr. Furacão tinha comido um bom almoço e insistia em ir para o outro lado. E numa cena de pancadaria inusitada com a trunfa, desgrenhou-a até à cegueira parcial.
A bem ver era furacão amiguinho. Queria-me em casa.
Não quis comprazer o furacão nem a minha pessoa e fiz-me e refiz-me ao caminho.
Decisão impensada.
Ao passar por um dos muitos jardins de passeio fui atacada por pedras e folhas. Pedras e folhas, areia da figueira ou neve da serra. Tocado a rajadas tudo esgadanha. Corri para um canto convencida de que já não tinha cara para ir a Óbidos, à minha desejada Feira do Chocolate.
Apalpei as bochechas e achei tudo no lugar.
A preocupação com a minha tez teve a sua utilidade. Distrair-me da proposta romântica que acabava de receber via telemóvel:
"Não queres vir comigo ao sanatório abandonado tirar fotos?" ... ... ... ???
Segurei os óculos, não fossem trocar-me pela correnteza, e fui andando, com um olho nos vasos das varandas.

Não fui feita e não estou equipada para este tempo.
Exigo o meu clima de volta.