Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

sexta-feira, maio 29, 2009

A vida levou-me pelo caminho de muitos.
O caminho nem era mau, à excepção das curvas de uma IC cheia de acne.
Mas a boleia era relezinha e de sua graça “Expresso”.
Muito frio, muito calor, muito mofo, muita gente suada, muitas lêndeas, piolhos e caspa passadas por aqueles encostos.
Tanta vontade de fazer chichi sem paragem à vista.
Um ou outro vomitado alheio ocasional corredor abaixo.
Euros e euros gastos, com os fundos dos bolsos gratos ao cartão jovem pelos que por lá ficaram.
Viagem sim, viagem sim dormitar com o corpo às sacudidelas até acertar uma cabeçada no vidro da janela e dar então pela baba no canto da boca.
E apesar dos pesares o que eu corri para não o perder.
A cada fim-de-semana nova partida de e chegada a Coimbra.
A cada fim-de-semana menos e menos paciência.

Mas a vida, que não é de despropósitos, seja qual for o meio de transporte, tinha um fito.
Trazer um dia a minha senda a este blog. E assim…

Cheira mal e sabe pior.
Tem crime, mistério e acção.
Aqui começa a Crónica do Expresso...

terça-feira, maio 26, 2009

Citando um email recebido:

"O grande segredo de todas as mulheres a respeito da casa de banho é que, quando eras pequenina, a tua mamã levava-te à casa de banho, ensinava-te a limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois punha tiras de papel cuidadosamente no perímetro da sanita. Finalmente instruía-te: "nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública!" E depois ensinava-te a "posição", que consiste em balançar-te sobre a sanita numa posição de sentar-se sem que o teu corpo tenha contacto com o tampo da sanita.
"A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, super importante e necessária, que nos acompanha para o resto das nossas vidas. Mas ainda hoje, nos nossos anos de maioridade, "a posição" é dolorosamente difícil de manter quando a tua bexiga está quase a rebentar.
Quando TENS de ir a uma casa de banho pública, encontras uma fila enorme de mulheres que até parece que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso resignas-te a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de “tou-me a mijar”.
Finalmente é a tua vez! E chega a típica mãe com “a menina que não aguenta mais” (a minha filhota já não aguenta, desculpe, vou passar à frente, que pena!). Então verificas por baixo de cada cubículo para ver se não há pernas. Estão todos ocupados.
Finalmente abre-se um e lanças-te para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair.
Entras e vês que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa… Penduras a mala no gancho que há na porta… QUAAAAALL? Nunca há gancho!! Inspeccionas a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e não te atreves a pô-la lá, por isso penduras a mala no pescoço enquanto vês como balança debaixo de ti, sem contar que a alça da mala desarticula-te o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que foste metendo lá pra dentro, durante 5 meses, sem verificar o que trazes lá dentro, e a maioria das quais não usas, mas que tens no caso de…
Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto que com a outra baixas as calças num instante e pões-te “na posição”… de aguiazita…
AAAAHHHHHH… finalmente… é ai quando as tuas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já estás suspensa no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-te a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-te o pescoço!
Gostarias de te sentar, mas não tiveste tempo para limpar a sanita nem a tapaste com papel; interiormente achas que não iria acontecer nada, mas a voz da tua mãe faz eco na tua cabeça “nunca te sentes numa sanita pública”, e então ficas na “posição de aguiazinha”, com as pernas a tremer… e por uma falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-te e molha-te até às meias!!
Com sorte não molhas os teus sapatos… é que adoptar “a posição” requer uma grande concentração e perícia.
Para distanciar a tua mente dessa desgraça, procuras o rolo de papel higiénico, maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O rolo está vazio! (sempre). Então rezas aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que tens na mala, haja um miserável lenço de papel… mas para procurar na tua mala tens de soltar a porta… ???? Duvidas um momento, mas não tens outro remédio. E quando soltas a porta, alguém a empurra, dá-te uma trolitada na cabeça com a porta que te deixa meio desorientada mas rapidamente tens de travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritas OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!! E assim toda a gente que está à espera ouve a tua mensagem e já podes soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres temos muito respeito umas pelas outras).
Encontras o lenço de papel!! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, fazes tudo para esticá-lo; finalmente consegues e limpas-te. Mas o lenço está tão velho e usado que já não absorve e molhas a mão toda; ou seja, valeu-te de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão. Ouves algures a voz de outra velha nas mesmas circunstancias que tu “alguém tem um pedacinho de papel a mais?” Parva! Idiota!
Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que te corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da tua mãe, que estaria envergonhadíssima se te visse assim… porque ela nunca tocou numa sanita pública, porque, francamente, tu não sabes que doenças podes apanhar ali, que até podes ficar grávida (lembram-se??)…. Estás exausta! Quando paras já não sentes as pernas, arranjas-te rapidíssimo e puxas o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante!
Depois lá vais pró lavatório. Está tudo cheio de agua (ou xixi? lembra-te do lenço de papel…), então não podes soltar a mala nem durante um segundo, pendura-la no teu ombro; não sabes como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tocas até te sair um jactozito de água fresca, e consegues sabão, lavas-te numa posição do corcunda de Notre Dame para a mala não resvalar e ficar debaixo da água.
Nem sequer usas o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secas as mãos nas tuas calças – porque não vais gastar um lenço de papel para isso – e sais…
Nesse momento vês o teu namorado (ou marido) que entrou e saiu da casa de banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Borges enquanto te esperava.
“Porquê que demoraste tanto?” pergunta-te o idiota.
“Havia uma fila enorme”, limitas-te a dizer
E é esta a razão pela qual as mulheres vão em grupo para a casa de banho, por solidariedade: uma segura-te na mala e no casaco, a outra na porta e a outra passa-te o lenço de papel debaixo da porta, e assim é muito mais fácil e rápido, pois só tens de te concentrar em manter “a posição” e a dignidade. "

Amen!

quinta-feira, maio 21, 2009

Os dias passaram mas eu ainda não me conformo.
Como eurómana convicta, festivaleira assumida, estou revoltada.
Não ganharmos não me escandaliza, mas ficarmos atrás dos gregos é, no mínimo, um ultraje!!!
Um tipo mal estucado, demasiado "esticado" e com uma camisinha um número abaixo. Terá pontuado pela arrojada exibição de umbigo??

Porém não foi a estupefacção que me fez mandar convites no Hi5 a torto e a direito. Isso fez o Hi5 sozinho. Tenho muito mais gente as visitar o meu espaço cheio de teias de aranha. A maioria de proveniência suspeita. Não sou apreciadora, o que se há-de fazer??

Mas isto sou só eu, que a lavar a loiça dou a mim própria uma facada no polegar...

segunda-feira, maio 18, 2009

"Agradecemos a sua generosa dádiva.
O seu grupo sanguíneo é 0-.
As suas análises encontram-se normais.
Esperamos por si a partir de 09/2009."

Pra qu'é que uma pessoa se há-de fazer difícil?
Eles vêm à terrinha, oferecem sandes de paio de lamber os beiços e dão-me os bons dias com mensagens simpáticas. E ainda levamos análises à pala! (note-se que eu mereço, tenho sanguinho do bom)
Que desculpa tens tu para não dar sangue?


Desculpa já arranjei para não comer peixe espada.
O último que apareceu grelhado no prato trazia o anzol camuflado, pronto a retaliar na língua que fizera dele pescado.
A língua do meu pai safou-se por uma garfada.
A minha mãe resolveu tirar proveito da situação e foi, com o telemóvel por testemunha, tentar pescar a baleia do meu calendário da National Geographic. Afinal, era um anzol de créditos firmados.

quinta-feira, maio 07, 2009

Hoje levantei-me (confere), fiz um chichi (confere) e comecei a lavar os dentes, sem pequeno-almoço de permeio (??????).

Tinha tanto sono que o meu corpo pensou que era hora de ir para a cama...

terça-feira, maio 05, 2009

Eu tenho uma mão inteira que adivinha. E uma outra mão que é fechadinha.
Seja porque uma adivinhasse as patuscadas fora do fim-de-semana que se avizinhava, seja porque a outra estivesse ainda a resmoer os gastos em carrinhos de choque do fim-de-semana anterior, o certo é foi sobejamente prestimosa para os meus bolsos a decisão de pôr o meu cabelo nas mãos da minha irmã.
Ficaram por lá uma horinha, mas ficou-me o corte das pontas mais barato 8 euros.
Nos dias pré-corte, em que as pontas espigadas esvoaçavam ao vento, que não era pouco, piquei ponto no meu encontro anual com os carrosséis. Em escura hora o fiz, na expectativa de não ser reconhecida enquanto andava qual doidivanas aos choques pouco meigos em carrinhos recauchutados ou às voltas vertiginosas em cadeirinhas quase frigoríficas. Em tão escura hora que à luz do dia constatei que o anel e os óculos à aviador comprados nos marroquinos são bem capazes, os mafarricos, de durar pouco.

Chegaram depois os dias pós-corte, dias de outra maciez no pêlo e de grandes planos.
Planos de juntar o agradável ao útil. De juntar uma visita da Srª D. Bailaroska à minha terrinha, morada de tentadores caracóis de chocolate com nozes, à boleia do Bailaroskamóbil para a Queima, que já não vou tendo paciência ou olfacto para expressos.
A Sr.ª D. Bailaroska chegou em boa hora, a hora do almoço e não há como ter por companhia um estômago tão complacente com os devaneios da boca como o meu.
À digestão circuito turistico pela cidade, a começar pelo castelo - onde a Sr.ª D. Bailaroska, para meu grande embaraço, além de em ataque alucinógeno ver um rabo grande no lugar do dela, bradava aos céus que também queria um castelo lá na terrinha dela - e a acabar na pastelaria - que o almoço já não aguentava o nosso andamento.
No entretanto a minha visita teve a oportunidade de corar em duas ocasiões: quando, no jardim da cidade, discretamente recuava da zona onde eu estava a bater palmas que nem uma tontinha no intento de lhe mostrar o repuxo oculto com o qual o senhor bispo gostava de molhar os pés senhoritas incautas para lhes ver os tornozelos; e quando, no centro da cidade, levou uma bolada de um meu pequeno conterrâneo, que por aqui bem receber é com bolos e boladas.
O resto do dia foi passado entre fotos, que a vida não é só vivê-la, é preciso revivê-la, sobretudo se tão amplamente documentada como a nossa.
No dia seguinte, para nos expurgarmos por antecipado do esparguete à "carbonara" e do churro da chocolate dessa noite, decidimos ir até ao circuito perdido no meio dos eucaliptos cá do sítio. A cruel e tonificada Sr.ª D. Bailaroska obrigou-me não só a fazer os exercícios, como a correr!! A correr!! Coisa a que os meus tecidos moles não estão "abezados". Retaliei depois do almoço no Buzz, com um resultado que não posso revelar em consideração com a minha convidada.
Antes da nossa partida apetrechámo-nos com empadas para a viagem, que guardámo-nos com denodo no interior do estômago, não fossem perder-se.
Seguimos então para Coimbra, mas a motorista preferiu seguir as indicações do GPS em detrimento das minhas e levou-nos por estradas bem estreitinhas, através de florestas e campos. Paisagens bucólicas não fosse o cheiro a cholé que algumas exalavam.
Chegámos à horinha certa e fomos as anfitriãs dos demais comensais. Ao jantar: namoradas novas, guardanapos pelo ar e um anúncio "nós estamos grávidos". A loucura, portanto.
Declinámos o rappel e atravessámos o rio pela ponte, a pé.
Quatro horas depois fazíamos o percurso inverso, depois de cantarolado "oh meu rapazinho, és fraco pra mim!!", depois de ter ficado assente que já nos pesam na paciência os anos para tanto encontrão e cerveja pelo ar e depois de só conseguir aviar meio churro.
Fui dormir à cama da Sr.ª D. Bailaroska, mas poucochinho, que para o almoço tínhamos de regressar a Coimbra.
Muito calor, uma amostra de dor de cabeça e nova faustosa refeição a caminho das coxas.
Depois entretivemos a tarde a ver os carros do Cortejo passar.
Outra boleia esperava por mim e fez-me o favor de parar no nosso café de eleição, onde fazem uns pastéis de nata gigantes e me sacrifiquei a comer um ainda quentinho.
O resto da viagem foi um misto de sono, suor e peso nas têmporas...fraca companhia eu.

Cheguei a casa e entreguei-me aos sais de fruto e ao colchão.
Acabei o meu fim-de-semana a ressacar da boa vida.