Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

sábado, junho 27, 2009

E há quem ouse dizer que tenho a mania de aparecer nas fotos? Isso é uma insinuação maldosa! Quem tem a mania de aparecer são as minhas pernas...

sexta-feira, junho 26, 2009

Eu não tenho um disco. Eu nunca vi um concerto.
Mas hoje sinto-me orfã.

terça-feira, junho 23, 2009

Crónica do Expresso III

Não era invulgar ver um Expresso cheio de gente com folhinhas nas mãos. Sobretudo lá pelos meses de Junho, merecedor do plural porque custava a passar mais que os três meses anteriores juntos.
No tempo morto que durava uma viagem as desculpas para não fazer uma última revisão dedicada aos exames, que de braços abertos nos esperavam à chegada, eram fracas.
O Expresso ainda mal tinha feito a curva da rodoviária e já estava a maioria entregue a apontamento ilegíveis e a dar para o amarrotado.
O altercado de instantes antes perturbara menos que o sol a bater forte nas janelas.
Um sujeito que se sentara nos bancos do fundo tão depressa acendera o cigarro como fora convidado a sair caso não o apagasse.
O cigarro acabou por ficar apeado.
Eu chegava ao final da primeira página de apontamentos quando o Expresso foi mandado parar por um semáforo bem no centro da cidade.
O semáforo esverdeou, mas o Expresso não arrancou. Arrancou sim o senhor motorista, esbaforido porta fora.
Sim, novamente um motorista em fuga, à velocidade que as pernitas lho permitiam e sem qualquer explicação.
Bem, pensei eu, pelo menos desta vez é de dia e estamos dentro da cidade.
Porém, não tive sequer tempo para me levantar. O motorista, embora perna curta, era lesto. E já estava de regresso.
Trazendo com ele mais que os seus dedos em polícias, tão lestos quanto o próprio.
Os senhores agentes sacaram das pistolas e rodearam o Expresso, que por aquela altura, cercado, já prendia os olhares de todo o domingueiro.
Inicialmente os passageiros ficaram alarmados porque o Expresso não tinha WC para evacuar os apontamentos, no caso de ser uma rusga da brigada anti-cábulas.
Depois mais alarmados ficaram quando os viram sacar da artilharia.
Mas o pânico instalou-se de facto quando a atenção do final de Domingo caiu inteirinha sobre nós, sem que os óculos de sol nos pudessem esconder de tanto olhar.
Dois minutos depois os senhores polícias desamparavam-nos o Expresso, levando com eles o simpático cavalheiro que, não podendo sacar do cigarro sacara de uma arma, que só o motorista vira pelo espelho retrovisor e que, por sinal, era de brincar.

Digamos que no resto da viagem se estudou pouco...

Fim da Crónica do Expresso (é uma trilogia, não uma novela)

domingo, junho 21, 2009

Coisas estranhas que podem acontecer na aldeia:
1 - Regar árvores até às 10 e meia da noite - coisa que pode acontecer se estivermos a fazer pãozinho no forno até às oito e pico, se pararmos na mercearia para comprar manteiguinha para o dito pãozinho e se as árvores tiverem por vizinho um candeeiro público.
2 - Dar por mim preocupada não com o facto de estar pendurada num poço a tirar baldes de água, mas com as abelhas por cima da água - coisa prontamente resolvida por uma simpática rã que se abeirou de mim e pôs a abelhagem em fuga.

Ele há coisas... que só na aldeia.

terça-feira, junho 16, 2009

O que me fica da minha visita a Lisboa?
Uma cicatriz na cabeça, duas negras (uma em cada perna), os restos de um escaldão e pés gastos. Os travesseiros, as queijadinhas, os pastéis de Belém já foram comidos.
As fotos guardam o resto que eu já não tenho cabeça para tanto.

terça-feira, junho 09, 2009

Crónica do Expresso II

Arisca como sou ao bendito Expresso está visto que não servia para motorista.
Sobretudo depois de conviver longos quilómetros com aquelas almas.
Se eu traumatizada sou os infelizes carregam com o trauma e o stress pós-traumático.
E depois nota-se...
Uma bela noite de Domingo eu, a minha irmã e mais uma meia dúzia de universitários acenávamos às boleias e arrancávamos para mais uma semana de aulas.
A viagem às 9 e picos era a melhorzinha do “menu”. Directa, sem paragens nas terriolas que nos saltavam ao caminho, e discreta, sem a enchente de velhotes catarrudos a caminho da consulta, típica das manhãs.
O caminho ia-se fazendo sem novidade até que, sem motivo aparente, o motorista pára no meio de nenhures. Ou antes, no meio de uma estrada nacional.
Carros zero. Iluminação pública nem vê-la. Rede de telemóvel, tá quieto.
Sem ai nem ui o motorista abre a porta, salta lá para fora e bota-se a correr que nem um desalmado por um caminho de terra batida adiante, na direcção de umas luzes que se viam lá ao longe.
Dentro do Expresso ninguém reagiu. Esperámos dois minutos em silêncio até que um “mas que raio!” o quebrou e os passageiros se começaram a rir.
Passada meia hora sem que o homem regressasse ou vivalma passasse por nós a vontade de rir já era pouca. Sobretudo porque ninguém sabia fechar a porta do autocarro.
Finalmente, passada quase uma hora, o motorista regressou. Com um bidom de gasóleo na mão.
O mal do nosso Expresso era barriga vazia.
Sem água vai, nem água vem, entrou, fechou a porta e arrancou.
Passada uma horita estávamos em Coimbra. Depois de termos passado por cima de tudo o que era rotunda e cortado a eitinho toda a curva do caminho para cumprir horário.

sexta-feira, junho 05, 2009

Crónica do Expresso 1

A minha rejeição ao Expresso (e ao rabo dorido, ao cheiro abafado, às curvas intermináveis com que nos penitencia pelo crime de não ter veículo próprio) foi crescendo ao longo dos tempos. E à medida que a rejeição crescia, os mecanismos de defesa, que não queriam ser menos, cresciam também.
Foi assim que cresceu o sono em viagem. Tanto que hoje em dia, mal assento o traseiro no banco do dito cujo Expresso praticamente desfaleço.
Embora fizesse a viagem passar num instantinho a soneca acarretava os seus riscos. E não só para a carteira. Essa, enroladinha nos braços, estava acautelada.
A dormir não via as travagens bruscas chegar, acordava só na fase “galo”. Mas as travagens eram do mal o menos.
Um certo dia, há não muito tempo atrás, que isto é a crónica do Expresso, não a Cinderela, a caminho de um fim-de-semana, dormitava eu, uma vez mais, no meu lugar à beira da janela quando, antes do tempo, acordei.
Não acordei toda, acordou só a minha consciência, que quando não pode falar porque a boca ainda dorme se torna retórica e que ia comentando para consigo própria “Mas que raio... ainda não está na hora de acordar. A carreira ainda não teve tempo de chegar...espera... a modos que estou a sentir qualquer coisa ali a comichar no joelho do meu corpo... Oh pá!! Acorda o gajo!!!”
E o gajo, o meu corpo, acordou. A consciência dera pelo simpático joelho do vizinho a roçar no meu joelho adormecido. Quando o corpo deu acordo de si acabava a simpática mão do vizinho de assentar arraiais na minha perna.
Por essa altura a boca já desperta diz-lhe: “O Senhor precisa de alguma coisa?”
Precisar de alguma coisa precisava, mas não seria eu a facilitar-lha.
O velho (sim velho, daqueles que cheira a mofo) não tugiu, nem mugiu. Saltou do banco para fora, sem tempo para compor o que quer que precisasse de composição debaixo do casaquinho que tinha sobre as pernas. E não saltou do autocarro porque as portas não dão para abrir por dentro. Refugiou-se no cantinho mais escuro do andar debaixo durante os minutos que faltavam para a última paragem.
O homem além de pervertido era burro. Eu estava a dormir, não estava morta!!!
E espero que com o susto a pilinha lhe tenha ficado gaga.

quinta-feira, junho 04, 2009

Hoje está nublado.

Há 20 anos morriam não se sabe quanto chineses na Praça de Tian'anmen.


Felizmente há 29 anos nasci eu, se não quem faria do 4 de Junho um dia memorável?