Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

terça-feira, novembro 24, 2009

Nunca tive o privilégio de ficar presa num elevador. Nunca nenhum se perdeu de amores por mim. Antes todos eles sempre tiveram pressa em pôr-me de portas para fora num andar à minha escolha.
Escadas e tapetes rolantes também nunca demonstraram particular carinho pela minha pessoa. Sempre me subiram ou desceram lestamente, sem pausas para enlevos.
A minha auto-estima, ouvindo todos os dias episódios de arrebatadas paragens inesperadas com que elevadores, escadas e tapetes brindavam outros, ressentiu-se com tamanho desdém eléctrico/ electrónico/ hidráulico.
Porém este fim-de-semana pôs fim à minha condição de pária dos afectos da maquinária.
Sábado à noite a estação de metro do Saldanha não conseguiu resistir mais à sua inclinação por mim e, depois de deixar passar toda a minha companhia, não me abriu as portas para me deixar sair. Por muito que passasse o bendito cartão não as descerrava nem por nada. E eu cheia de pressa. E funcionários nem vê-los.
Já ponderava testar a minha agilidade e saltar por cima das ditas quando um trio de espanhóis me poupou de um mais que provável embaraçoso salto falhado, sabe-se lá com que consequências para o meu rico corpinho. Atraquei-me a uma nuestra hermana e consegui pôr-me cá fora.
Lamento muito cara estação de metro, mas a nossa era uma relação votada ao fracasso.
És muito frequentada para o meu gosto.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Depois de uma semana privada do creme de dia, do creme de noite, do esfoliante, do creme dos olhos e de tudo o que é maquilhagem, particularmente do meu caríssimo corrector de olheiras, governada apenas a água fria, ar do campo e óleo johnson, aprouve-me constatar todas as manhãs que o meu espelho gosta de mim na mesma.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Não é bonito deixar ninguém à espera.
Mas feio, feio é deixar alguém à espera onde não tem nada com que se entreter.
Nada que preste, pelo menos...

terça-feira, novembro 03, 2009

Diz o Observatório da Justiça, à boca cheia, que neste país os pobres vão para a prisão por não conseguir pagar as multas.
Pobrezinhos dos pobrezinhos...
O Sr. Observatório da Justiça devia era acabar de comer antes de falar porque de boca cheia só espalha perdigotos e parvoíces.
Qualquer cidadão que seja condenado em pena de multa sujeita-se a que a mesma se converta em dias de prisão caso não pague.
Mas qualquer cidadão que seja condenado em pena de multa pode requerer o pagamento da multa em prestações ou que a mesma seja substituída por trabalho a favor da comunidade.
O problema é que suas pelintras excelências acham degradante trabalhar para a comunidade.
Antes ir parar à prisa do que fazer umas horas no canil ou nos bombeiros!

Caro Observatório da Justiça, tenha a caridade de ficar caladinho!