Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

terça-feira, dezembro 29, 2009

A Taralhoca já não tem sorte nos sorteios - em vez de passar a tarde de dia 24 a fazer docinhos natalícios foi lavar louça para o café do pai...
A Taralhoca comeu demais à ceia - culpa de um primo de mão cheia que fez um bolo de brigadeiro com nozes, amêndoas, tofee, chocolate, massapão...
A Taralhoca comeu chouriça à segunda ceia - depois de encharcar a fogueira de Natal da aldeia com gasolina para que a dita escaldasse o frio e assasse o enchidos.
A Taralhoca recebeu um bonsai - coisa que, entre regas, podas e vaporizações, acaba por ser mais trabalhosa que um filho.
A Taralhoca enfrascou-se de frutos secos - e deixou de ser boa companhia.
A Taralhoca está armada em Jardel - pode ser que para o ano lhe passe...
BOAS ENTRADAS!

quarta-feira, dezembro 23, 2009

A noite passada e porque dormir sete horas seguidinhas dia após dia consegue ser bastante aborrecido, resolvi entreter o tempo debaixo dos lençóis a sonhar.
Não se poderá chamar sonho ao meu entretém, porque nuvens de algodão doce nem vê-las. Também não pode entrar na categoria dos pesadelos porque os poços e as escadas intermináveis igualmente primaram pela ausência.
Chamemos-lhe onirismo bizarro, que é coisa que não ofende.
E foi assim...
... estava eu numa casa-de-banho pública, aflitinha - que casas-de-banho públicas não se visitam por gosto - quando um dos compartimentos vaga. Três miúdas estavam à minha frente, mas não entraram, portanto decidi, de comum acordo com a minha apertada bexiga, fazer o obséquio de a ocupar, porque certamente as moças esperavam alguma "aliviante" dos compartimentos contíguos.
Entrei no cubículo exíguo e nem tempo tive de fechar a porta e baixar as calças.
As tais raparigas entraram também e dei por mim quase em cima da retrete, sem espaço para rodeios, com três morconas entre mim e a porta, a do meio de navalha em punho a pedir-me a carteira.
Eu não sou pessoa normal, menos quando sonho. Assim, em vez de dizer "ai valha-me Deus! Tomem lá, levem o que quiserem...", não disse nada. Pensei para comigo, rais'parta as pirralhas, já levam com a carteira, já!
E, tomando uma atitude perfeitamente razoável e proporcionada, não fiz mais nada: agarrei na mão que empunhava a naifa e empurrei-a contra a mânfia que estava do meu lado esquerdo e que ficou logo com nova aragem na laringe.
No entretanto a minha irmã, que afinal vai se a ver também entrava no meu sonho (sendo inexplicável porque é que não tinha ficado a segurar-me a dita carteira lá fora), agarra a mânfia do lado direito pelo cabelo.
A bem dizer eu não vi a minha irmã, que estava do lado de lá da parede do cubículo, mas reconheci aquele puxar de cabelos.
Com uma gandula de goela furada, outra de pêlo arrepelado, acordei.
E prontos, achei que era uma relato apropriado para anteceder os meus desejos de Feliz Natal para a multidão dos meus leitores.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

"Caríssimos sou eu, a Mensagem do Jantar de Natal Futuro. Venho informá-los que dia 12, pelas 9 horas, deverão apresentar-se devidamente prendados no Eurotrópico. Não são admitidas reclamações."
Era com esta sms que começava uma tradição tão natalícia quanto as filhoses ou as enchentes nos Centros Comerciais, o jantar de Natal com os amigos da faculdade que ficaram para o "daí em diante".
A coisa começou a modos que pró torto porque a maioria dos receptores do dito sms são crentes. Acreditam no Pai Natal e acreditam que eu tenho poderes adivinhatórios e sou capaz de antecipar as presenças. Não lhes contei que o Pai Natal não existia, mas tive que os desenganar quanto ao meu dom de vidência, recorrendo novamente à prestimosa intervenção da Mensagem do Jantar de Natal Futuro:
"Ora muito obrigadinho pla consideração de vossas execelências e por confirmarem tão prontamente a vossa presença no jantar de Natal :/"
Felizmente nem todos os provérbios são fidedignos e nem tudo o que começa torto está condenado a não se endireitar. Se bem que o nosso jantar de natal não foi fino de todo à custa de algumas faltas mais ou menos justificadas por gripes, gravidezes, outros jantares e dessaranjos intestinais.
O resto comparecia às 9 e pouco, prendado, no lugar marcado.
E foi como se no dia antes nos tivessemos encontrado todos na sala de aula da faculdade.
Comemos o prato do costume e tivemos mais um anúncio, o que também já começa a ser costume. Não me há-de chegar o dinheiro para as toilettes dos casórios.
Do restaurante, onde o atendimento continua a ser muito peculiar, seguimos para um grande "arbusto" que já não é a primeira vez que nos vê, tiritantes, abrir as prendas de Natal.
Cinco euros é o limite, quem a vai receber é um mistério. O que dá sempre boas fotografias...
Os menos agraciados tiveram 5 euros em moedas de 10 cêntimos dentro de um saquinho, os mais sortudos receberam um cabaz com kiwis, geropiga, azeite, geleia de marmelo, geleia de cereja e doce de abóbora e noz.
Seguimos depois para paragens mais quentes. Mais quentes e mais doces... para os que comeram brigadeiro com gelado, pelo menos. Para os que foram sujeitos à "conversa das rótulas" talvez a coisa não tenha sido assim tão doce...
Às duas e meia chegava a hora de desmobilizar.
Jantados, prendados, gelados e contrariados.
Longa vida às tradições de Natal.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Ele há muito maus hábitos.
Hábitos daqueles maus, maus, mesmo não envolvendo escarros na via pública, tampos da sanita levantados ou cheiro a tabaco.
O meu pai está habituado a que a minha mãe lhe escolha a roupa. E tão arreigado é o hábito que o homem ficou praticamente daltónico de nunca usar os olhinhos para escolher o modelito, tendo-lhe consequentemente ficado interditado o direito de decidir que camisa vai com que calças.
Foi assim habituado que o meu pai viu no hall de entrada um cachecol sobre o seu casaco e vai de o enrolar ao pescoço e seguir para o trabalho.
Felizmente o mal habituado do meu pai é muito seguro da sua virilidade, porque não são todos os homens que aguentariam sem piscar os lindos elogios dirigidos ao cachecol rosa da minha mãe, que ela pousara de qualquer maneira à entrada...
Os hábitos têm destas coisas...

quinta-feira, dezembro 03, 2009

A minha cozinha tem uma bancada e nessa bancada está um lavatório.
A avaliar pelas cozinhas das revistas de decoração, pelas das casas de familiares e amigos e até mesmo por aquelas que vemos nas novelas, tal coisa não é novidade nem exclusivo.
Novidade e exclusivo da minha bancada e do meu lavatório são estarem possuídos. Não sei se pelo Demo, se por outro mafarrico de estirpe inferior, mas lá que estão possuídos, estão.
Não há outra explicação razoável para que co-protagonizem tanto percalço num só dia.
De manhã, estava a minha mãe a servir o leite sobre a bancada, quando inexplicavelmente "rabejou" a própria e a dita. O lavatório sorveu o que lhe chegou.
À hora do almoço a minha irmã, acadinha de juntar num saco, sobre o lavatório, os restos para levar aos gatos da minha avó, viu a comida sair pela culatra do saco, sem pré-aviso que lhe valesse à roupa e ao tapete. Bancada e lavatório refastelados em salpicos.
Ao lanche foi a minha vez. Tirei a tampinha do meu yogurte e pousei-a na bancada. Depois, como sempre, virei o meu yogurte sobre o lavatório para lhe escorrer o soro. Vai daí vai-se-me o yogurte atrás do soro e esparrama-se-me no lavatório. Se fosse outra coisa eu não me importava, mas foi o yougurte que eu tanto estimava. Sobretudo porque era o último de côco.
Planeávamos já mandar benzer bancada e lavatório, mas há noite o meu pai lavou a loiça e aparentemente exorcizou o mal.