Todos os dias faço o mesmo caminho.
Todos os dias, quatro vezes, me cruzo com as mesmas pedras da calçada e com outros tantos personagens que parecem “calçar” as ruas que revejo em dobro cada dia.
Todos os dias, excepto Sábados e Domingos, que as solas conhecem os seus direitos laborais.
Todos os dias, duas vezes para lá, duas vezes para cá, para lá com pressa, para cá com gosto (não poucas vezes da bóia que já antecipo na boca).
Todos os dias, seja Inverno ou Verão, coberta de abafos ou de protector solar.
Pois todos os dias sinto que será aquele o dia em que não chego ao destino direita.
Não são alguns ameaços de atropelo que me afligem.
Nem as cagadelas de pássaros.
Nem os andaimes dos sempre estimados e afáveis técnicos do tijolo, cimento e tinta.
Nem as tiras das sandálias que se rasgam de já não poder comigo.
O fatalismo que todos os dias me consome chama pai a um metro quadrado de terreno, ligeiramente inclinado, forrado a pedra bem polida, que todos os dias, sem bufar, tenho de pisar.
Todos os dias, várias vezes ao dia... é tentação a mais para o destino.
Um destes dias espalho-me ao comprido.
Todos os dias estou quase. Mas o quase não tarda.
3 Comments:
Os técnicos atrás referidos adorariam ver moça esbelta dar de cu no chão!...
Mas essa cidade anda sempre em obras??? Não percebo...
Eu no teu caso preocuparia-me mais com botas em separar botas de salto alto de escadas de esplanadas e sandálias rasas pipis de todos os pisos em geral ;P
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