Eu tenho uma mão inteira que adivinha. E uma outra mão que é fechadinha.
Seja porque uma adivinhasse as patuscadas fora do fim-de-semana que se avizinhava, seja porque a outra estivesse ainda a resmoer os gastos em carrinhos de choque do fim-de-semana anterior, o certo é foi sobejamente prestimosa para os meus bolsos a decisão de pôr o meu cabelo nas mãos da minha irmã.
Ficaram por lá uma horinha, mas ficou-me o corte das pontas mais barato 8 euros.
Nos dias pré-corte, em que as pontas espigadas esvoaçavam ao vento, que não era pouco, piquei ponto no meu encontro anual com os carrosséis. Em escura hora o fiz, na expectativa de não ser reconhecida enquanto andava qual doidivanas aos choques pouco meigos em carrinhos recauchutados ou às voltas vertiginosas em cadeirinhas quase frigoríficas. Em tão escura hora que à luz do dia constatei que o anel e os óculos à aviador comprados nos marroquinos são bem capazes, os mafarricos, de durar pouco.
Chegaram depois os dias pós-corte, dias de outra maciez no pêlo e de grandes planos.
Planos de juntar o agradável ao útil. De juntar uma visita da Srª D. Bailaroska à minha terrinha, morada de tentadores caracóis de chocolate com nozes, à boleia do Bailaroskamóbil para a Queima, que já não vou tendo paciência ou olfacto para expressos.
A Sr.ª D. Bailaroska chegou em boa hora, a hora do almoço e não há como ter por companhia um estômago tão complacente com os devaneios da boca como o meu.
À digestão circuito turistico pela cidade, a começar pelo castelo - onde a Sr.ª D. Bailaroska, para meu grande embaraço, além de em ataque alucinógeno ver um rabo grande no lugar do dela, bradava aos céus que também queria um castelo lá na terrinha dela - e a acabar na pastelaria - que o almoço já não aguentava o nosso andamento.
No entretanto a minha visita teve a oportunidade de corar em duas ocasiões: quando, no jardim da cidade, discretamente recuava da zona onde eu estava a bater palmas que nem uma tontinha no intento de lhe mostrar o repuxo oculto com o qual o senhor bispo gostava de molhar os pés senhoritas incautas para lhes ver os tornozelos; e quando, no centro da cidade, levou uma bolada de um meu pequeno conterrâneo, que por aqui bem receber é com bolos e boladas.
O resto do dia foi passado entre fotos, que a vida não é só vivê-la, é preciso revivê-la, sobretudo se tão amplamente documentada como a nossa.
No dia seguinte, para nos expurgarmos por antecipado do esparguete à "carbonara" e do churro da chocolate dessa noite, decidimos ir até ao circuito perdido no meio dos eucaliptos cá do sítio. A cruel e tonificada Sr.ª D. Bailaroska obrigou-me não só a fazer os exercícios, como a correr!! A correr!! Coisa a que os meus tecidos moles não estão "abezados". Retaliei depois do almoço no Buzz, com um resultado que não posso revelar em consideração com a minha convidada.
Antes da nossa partida apetrechámo-nos com empadas para a viagem, que guardámo-nos com denodo no interior do estômago, não fossem perder-se.
Seguimos então para Coimbra, mas a motorista preferiu seguir as indicações do GPS em detrimento das minhas e levou-nos por estradas bem estreitinhas, através de florestas e campos. Paisagens bucólicas não fosse o cheiro a cholé que algumas exalavam.
Chegámos à horinha certa e fomos as anfitriãs dos demais comensais. Ao jantar: namoradas novas, guardanapos pelo ar e um anúncio "nós estamos grávidos". A loucura, portanto.
Declinámos o rappel e atravessámos o rio pela ponte, a pé.
Quatro horas depois fazíamos o percurso inverso, depois de cantarolado "oh meu rapazinho, és fraco pra mim!!", depois de ter ficado assente que já nos pesam na paciência os anos para tanto encontrão e cerveja pelo ar e depois de só conseguir aviar meio churro.
Fui dormir à cama da Sr.ª D. Bailaroska, mas poucochinho, que para o almoço tínhamos de regressar a Coimbra.
Muito calor, uma amostra de dor de cabeça e nova faustosa refeição a caminho das coxas.
Depois entretivemos a tarde a ver os carros do Cortejo passar.
Outra boleia esperava por mim e fez-me o favor de parar no nosso café de eleição, onde fazem uns pastéis de nata gigantes e me sacrifiquei a comer um ainda quentinho.
O resto da viagem foi um misto de sono, suor e peso nas têmporas...fraca companhia eu.
Cheguei a casa e entreguei-me aos sais de fruto e ao colchão.
Acabei o meu fim-de-semana a ressacar da boa vida.
4 Comments:
Então foi por isso que este blog andava às moscas???? Achas bem?? Eu não precisava saber que foste à queima de coimbra.....MÁ....MUITO MÁ...
E passada precisamente uma semana, ao ler o teu relato vou do riso à nostalgia. Foi tão bom...repetia já.
Obrigada por tudo, minha castelo branquinha!
:)
beijo grande!
O corte mais barato e perfeito de sempre queres tu acrescentar ;)
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