Taralhoca é o meu nome. Podia perfeitamente ser Esquisita.

Sou niquenta com tudo em geral e com a comida em particular.

Não, não é o peixinho cozido que ponho de lado. Para comida simples sou boa de boca. São as iguarias que me fazem espécie.

Fruta na comida, molhos desconhecidos, vegetais da moda e por aí e fora (num rosário mais comprido que as novenas) são pitéus que nesta boca não entram.

Quando entram vão ao engano e são rapidamente devolvidos à procedência.

Para os doces sou ainda pior. Arroz doce, aletrias e afins nem vê-los. Pudins só de longe. Tartes são bonitas só para enfeitar as mesas.

Toda a comida que seja mole em geral por hábito não me fica a conhecer o céu da boca.

Acredito que seja pecado tão mortal quanto a gula, pelo que a mim há-de a boca fechada levar-me a conhecer o capeta.

Não gosto de chinês, nem mexicano, nem indiano. Italiano só as massas.

Quando foi feito o convite para ir jantar ao japonês digamos que pular de alegria não pulei.

Mas fui.

É com orgulho que posso afirmar que sou uma muito razoável comedora de sushi, sashimi e outras variedades de peixe cru. Mesmo os que custavam a engolir, como os rolinhos de pepino, seguiram goela abaixo com um empurrãozinho de chá frio.

Pouco orgulho tenho no meus modos à mesa. Digamos que ia afogando a minha tempura no molho.

Afinal não sou só esquisita com o que como, mas também como como...