Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Não é Natal. Mas já começou a contagem decrescente nos calendários de chocolates.
Já montei a árvore. O presépio já ocupou o seu espaço. Já não há esconderijo disponível para prendas.
Das tradições pré-natalícias poucas por cumprir. O jantar de Natal com os amigos da faculdade uma delas.
Superados os problemas de agenda e persuadidos os mais reticentes com chantagem emocional, (mérito meu e da bailaroska, obrigado!) ficou reservado no calendário o dia 8.
Acalentado dia 8, acarinhado de véspera com verniz nas unhas, bagagem a mais e uma prenda que excedia o orçamento de 5 euros por um.
Desta feita privei o expresso da minha companhia. Tinha uma boleia fraternal, que me dá melhor música e menos paragens. E que me levanta mais tarde.
Benza Deus, porque se me tivesse de me levantar novamente às 6 da madrugada os olhos não estariam ainda desinchados.
Ler o trecho final do último Harry Potter na madrugada anterior era um risco, risco que conscientemente corri – sob pena de não ter tema alternativo ao conflito no médio-oriente, às Novas Oportunidades e à censura na RTP – mas pelo qual paguei pesada factura. Fiquei praticamente desidratada de tanto esbanjar lágrimas à custa da despedida dos meus caros personagens. Lido com o adeus, como a Maria Madalena lida com o arrependimento...
Quando disse ao espelho até amanhã aos olhos minúsculos, às bochechas vermelhas e ao nariz pingão pensei cá para comigo: “Amanhã vais estar linda, vais...”. Mesmo que não estivesse não seria pela boca dos amigos que o saberia. Essa chusma de aldrabões não é de confiança no que à minha aparência diz respeito. Mas por acaso até estava apresentavelzinha.
Como é hábito saímos tarde e chegámos a tempo. A Acoisa fez-se num instantinho.
Desembocámos num dos vários antros de consumismo, pontos de encontro de eleição nestas antevésperas.
Eu tinha preconizado montras, mas saíram-me convivas de toda a parte (os que não encontraram maleitas próprias ou alheias para se furtar ao acontecimento à última da hora) e compras nada, só conversa.
Conversa e atendimento primoroso não faltaram ao jantar, tal como alguns ameaços de seriedade, prontamente erradicados.
No barzinho para que seguimos depois não houve necessidade de banir a seriedade, porque a pobre, depois de tanto remédio para a tosse tomado em cima de máquinas de lavar no interior de pavilhões com sotaque serrano e o godzilla ao barulho, pôs-se a pau.
Para a distribuição de prendas não convidámos a compostura, mas as canecas, os pais natais de chocolate e o seu respectivo mestre marcaram presença. Ou não fosse o nosso jantar de Natal. A prenda que eu ofereci, uma bruxa marreca de gargalhada pavorosa, foi a protagonista deste ano e escapou ilesa às obscenidades a que geralmente os destaques são sujeitos.
Terminada a comida e a bebida ninguém alinhou na dormida, excepto aqui desterrada, que outro remédio não tinha.
Este ano não houve dióxido de carbono vindo de colchões próximos que me aquecesse. Tive de pedir um esforço extra ao saco-cama e usar todos os cobertores que caberiam aos (maus, feios, bichos, carochos) faltosos.
Acordei cedo demais e comi cedo demais... ou seja, esperei muito, arrefeci depressa e, quando fui devolvida ao tal antro de consumo que fazia as vezes de ponto de encontro, já estava outra vez com fome.
Afortunadamente a boleia fraternal levou-me depressa até ao ponto obrigatório de paragem e aos seus pãezinhos com chouriço.
Pouco depois estávamos de regresso a casa.

(os seis do jantar)

Agora é hora de começar a pensar nas filhós...

5 Comments:

At 14 dezembro, 2007 17:28, Blogger Taralhoca said...

Mau, mau maria.
Fartaram-se?

 
At 16 dezembro, 2007 15:21, Blogger Hélder said...

Um texto grande e ainda com Harry Potter pelo meio afugenta sempre alguns, daí a falta de comentários até à hora, com certeza;)
Venham daí as filhós!

 
At 16 dezembro, 2007 22:28, Blogger Cisne branco said...

Sim senhora, vocês fazem uma personagem de uma verdadeiro conto de terror. O que vale é que temos de ter em conta as partes e não só o todo....Feliz Natal...

 
At 17 dezembro, 2007 15:30, Blogger bailaroska said...

Minha alma siamesa, só hoje tive tmpo de vir ler este brilhante relato.
Apesar da disposição sombria (tb eu lido muuuuito mal com despedidas), fizeste-me rir às gargalhadas. Como sempre.

Espero que as promessas de jantares mais frequentes seja para cumprir.

Beijo

 
At 17 dezembro, 2007 20:20, Blogger Angelica said...

Esta imagem faz lembrar aquele boneco que parecia uma batata!!! Assustador!

 

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