Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

sexta-feira, junho 05, 2009

Crónica do Expresso 1

A minha rejeição ao Expresso (e ao rabo dorido, ao cheiro abafado, às curvas intermináveis com que nos penitencia pelo crime de não ter veículo próprio) foi crescendo ao longo dos tempos. E à medida que a rejeição crescia, os mecanismos de defesa, que não queriam ser menos, cresciam também.
Foi assim que cresceu o sono em viagem. Tanto que hoje em dia, mal assento o traseiro no banco do dito cujo Expresso praticamente desfaleço.
Embora fizesse a viagem passar num instantinho a soneca acarretava os seus riscos. E não só para a carteira. Essa, enroladinha nos braços, estava acautelada.
A dormir não via as travagens bruscas chegar, acordava só na fase “galo”. Mas as travagens eram do mal o menos.
Um certo dia, há não muito tempo atrás, que isto é a crónica do Expresso, não a Cinderela, a caminho de um fim-de-semana, dormitava eu, uma vez mais, no meu lugar à beira da janela quando, antes do tempo, acordei.
Não acordei toda, acordou só a minha consciência, que quando não pode falar porque a boca ainda dorme se torna retórica e que ia comentando para consigo própria “Mas que raio... ainda não está na hora de acordar. A carreira ainda não teve tempo de chegar...espera... a modos que estou a sentir qualquer coisa ali a comichar no joelho do meu corpo... Oh pá!! Acorda o gajo!!!”
E o gajo, o meu corpo, acordou. A consciência dera pelo simpático joelho do vizinho a roçar no meu joelho adormecido. Quando o corpo deu acordo de si acabava a simpática mão do vizinho de assentar arraiais na minha perna.
Por essa altura a boca já desperta diz-lhe: “O Senhor precisa de alguma coisa?”
Precisar de alguma coisa precisava, mas não seria eu a facilitar-lha.
O velho (sim velho, daqueles que cheira a mofo) não tugiu, nem mugiu. Saltou do banco para fora, sem tempo para compor o que quer que precisasse de composição debaixo do casaquinho que tinha sobre as pernas. E não saltou do autocarro porque as portas não dão para abrir por dentro. Refugiou-se no cantinho mais escuro do andar debaixo durante os minutos que faltavam para a última paragem.
O homem além de pervertido era burro. Eu estava a dormir, não estava morta!!!
E espero que com o susto a pilinha lhe tenha ficado gaga.

5 Comments:

At 05 junho, 2009 20:06, Blogger Desertor said...

aaaaa...hum...
eu ando de biciclete...xD

 
At 06 junho, 2009 23:12, Blogger paula said...

eu lembro me de contares essa história!!!

ca nojo!!!

 
At 08 junho, 2009 11:05, Blogger bailaroska said...

LOL! Já conheço a história, mas adorei o relato e a imagem que o ilustra...
Esse sujeito é em grande parte responsável pelas tuas ausências às nossas reuniões!!

 
At 08 junho, 2009 13:09, Blogger Cisne branco said...

Credo...nunca mais ando de expresso...Chiça....

 
At 09 junho, 2009 05:57, Blogger Rita said...

EU QUERO O TEU MAIL JÁ!!!!
OUVISTE*S*???????
Tipo já a seguir e de repente!
Isto é uma exigencia de Ameixa, ouviste?

 

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