Crónica do Expresso III
Não era invulgar ver um Expresso cheio de gente com folhinhas nas mãos. Sobretudo lá pelos meses de Junho, merecedor do plural porque custava a passar mais que os três meses anteriores juntos.
No tempo morto que durava uma viagem as desculpas para não fazer uma última revisão dedicada aos exames, que de braços abertos nos esperavam à chegada, eram fracas.
O Expresso ainda mal tinha feito a curva da rodoviária e já estava a maioria entregue a apontamento ilegíveis e a dar para o amarrotado.
O altercado de instantes antes perturbara menos que o sol a bater forte nas janelas.
Um sujeito que se sentara nos bancos do fundo tão depressa acendera o cigarro como fora convidado a sair caso não o apagasse.
O cigarro acabou por ficar apeado.
Eu chegava ao final da primeira página de apontamentos quando o Expresso foi mandado parar por um semáforo bem no centro da cidade.
O semáforo esverdeou, mas o Expresso não arrancou. Arrancou sim o senhor motorista, esbaforido porta fora.
Sim, novamente um motorista em fuga, à velocidade que as pernitas lho permitiam e sem qualquer explicação.
Bem, pensei eu, pelo menos desta vez é de dia e estamos dentro da cidade.
Porém, não tive sequer tempo para me levantar. O motorista, embora perna curta, era lesto. E já estava de regresso.
Trazendo com ele mais que os seus dedos em polícias, tão lestos quanto o próprio.
Os senhores agentes sacaram das pistolas e rodearam o Expresso, que por aquela altura, cercado, já prendia os olhares de todo o domingueiro.
Inicialmente os passageiros ficaram alarmados porque o Expresso não tinha WC para evacuar os apontamentos, no caso de ser uma rusga da brigada anti-cábulas.
Depois mais alarmados ficaram quando os viram sacar da artilharia.
Mas o pânico instalou-se de facto quando a atenção do final de Domingo caiu inteirinha sobre nós, sem que os óculos de sol nos pudessem esconder de tanto olhar.
Dois minutos depois os senhores polícias desamparavam-nos o Expresso, levando com eles o simpático cavalheiro que, não podendo sacar do cigarro sacara de uma arma, que só o motorista vira pelo espelho retrovisor e que, por sinal, era de brincar.
Digamos que no resto da viagem se estudou pouco...
Fim da Crónica do Expresso (é uma trilogia, não uma novela)
5 Comments:
Em que filme viste tu isto???? ;)
Oh!...venha a novela:p e daquelas portuguesas, com muuuuuuuitos episódios:p só que aqui nunca sabemos o final;p
Como é que eu nunca soube disto?????!!!!!
E pq é q estás armada em Peter Jackson? Dá-nos mais!!!!
eu tb nunca soubes deste episódio!!!
confessa, já andavas a guardá-lo para estas crónicas! :P
É verdade sim senhora, estava guardadinho para estas crónicas! Ou então é a prova viva de que as minhas amigas não ouvem o que eu lhes digo!!!!!
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