Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Ora vamos lá a ver se nos entendemos...
1 - Qual referendo qual carapuça!
Era o que me faltava, referendarem se eu, por ter olhos castanhos ou por ser do Benfica havia de ter os mesmos direitos dos olhos azuis ou dos lagartos.
A sexualidade, quer se entenda como uma condição, ou como uma escolha, será sempre a condição ou escolha de cada um.
Não faltaria mais, ter terceiros a decidir se por aquilo que sou ou por aquilo que escolho deveria ter os mesmos direitos daqueles que são ou escolheram diferente de mim...
Ora que bonito, todos a opinar sobre a vida alheia!
Referendos são para questões que afectam ou podem afectar a todos, não para paladinos da moral e bons costumes espatrucarem um bocadinho.
Aliás, todos sabemos que se não reconhecerem os mesmos direitos civis aos homossexuais eles com certeza desaparecerão (not!)
Querem opinar sobre a vida alheia opinem dentro de casa, que lá pelo menos pode ser que escapem ao "contágio"....

2 - Uma pedra é uma pedra.
A pedra continua a ser uma pedra quer lhe chamemos calhau ou rocha.
O mesmo contrato entre duas pessoas não deixará de ser esse contrato chamemos-lhe nós casamento ou união civil registada.
Vai-se a ver faz cócegas aos ouvidos de alguns chamar ao dito contrato casamento quando os contratantes têm o mesmo material.
É caso para dizer, vão meter o bedelho nas próprias cuecas e deixem a semântica em paz.

3 - Se lhe vier a seguinte ideia à cabeça - "Pronto, agora legalizaram o casamento homossexual, a seguir vão legalizar a pedofilia!" - trate de procurar um psiquiatra ou de se entregar à polícia. É que é capaz de ser pessoa para confundir noite de paixão com violação, empréstimo com roubo, acto de misericórdia com homicídio...
Estamos entendidos?

domingo, janeiro 17, 2010

Acho que era gaja para dizer que a vida me tinha corrido bem se aos 88 anos estivesse ao sol num alpendre a pentear o meu merecido cabelo branco sem coisa que me preocupasse.
Como a minha avó...

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Na vida, como nos dardos, é preciso ter pontaria.
Eu nos dardos sou a modos que pró fraquinha, mas na vida há dias em que acerto no alvo.
Domingo, foi um desses dias.
A minha pontaria foi tanta que num só dia consegui ir a terra alheia celebrar o santo local e deixar terra própria em dia de celebração, à custa de uma neve raramente vista.
A família meteu-se toda no carro com destino a Aveiro.
Viagem mais comprida que o costume porque as senhoras "A's" - eu não quero acusar ninguém, mas foram as senhoras A23 e A25 - de tão brancas nos obrigavam a seguir não raramente a 60 kms/hora.
Chegámos com mais apetite ao WC e ao almoço que o previsto.
Satisfeitos bexiga e estômago, fui levada pela Srª D. Bailaroska, que nestas coisas de desencaminhar uma alma para bons programas é perita, para o bairro da Beira-mar, para uma certa e determinada casa, de uma certa e determinada Anónima apanhada desprevenida.
Desprevenida fui eu para a Capela de S. Gonçalinho. Não sabia bem pró nem porque ía.
Vai-se a ver o tal Gonçalinho, que pelo nome se vê logo que era menino bem, era uma moço cheio de mania que, talvez ansioso por boa publicidade que o ajudasse, quiçá, a vencer algumas eleições na povoação fortificada em que vivia, pensou para consigo "oh pá, e se eu fosse dar uma esmolinha aos leprosos?". Se bem o pensou melhor o fez. Mas não se foi meter no meio dos leprosos! Isso é que não, que leproso é coisa um bocadinho nojenta de se conviver. Montou-se no cimo da muralha e vai de atirar pãozinho cá de cima. Ora não me parece que o Gonçalo fosse tipo para atirar o pão quentinho do seu próprio pequeno-almoço aos leprosos. Certamente atirava as sobras dos dias anteriores. E quem sabe até se, entediado, não fizesse mesmo pontaria ao leproso. Certo é que os leprosos saiam dali mais estropiados do que o que tinham chegado e poucos haveria capazes de roer o paposseco sem perder parte da gengiva. O que mais me espanta é que nunca os leprosos se tenham organizado em sindicado e realizado manifestações à beira da muralha, atirando ao ufano Gonçalo, porque não, dedos e outros apêndices que insistissem em não permanecer ligados ao corpo.
Se o fizeram o episódio foi abafado e a grande manobra publicitária do Gonçalinho teve sucesso tal que ainda hoje o dito não só é santo como é popular. Mas pelo menos a mim não engana ele.
Em homenagem a esse grande marketer, todos os anos se organiza uma cerimónia muito peculiar, ainda que não tão sui generis como aquela que se organiza na Espanha (Espanha, não Beira Interior), em que atiram uma cabra do campanário da Igreja abaixo.
Os Aveirinhos e alguns turistas ocasionais, como eu no Domingo, sobem ao cimo da capela por umas escada de caracol não apta a afanados com kilos de cavacas às costas. Não são cavacas de lenha, são das docinhas, mas que ainda assim se prestam a partir a cana do nariz aos que cá em baixo não se precavem contra a queda das mesmas. Porque é esse o propósito de subir lá a cima: atirar cavacas à multidão que está cá em baixo, no exterior da capela, escavacando no processo as ditas cavacas ou a multidão, para que sinta as dores dos leprosos.
Ainda assim a multidão não desmobiliza, porque não há como roer uma cavaca abençoada para acabar bem o dia.
Deixámos Aveiro e os seus costumes selvagens de regresso a casa, convencidos que a nossa teria sido neve de pouca dura. O tanas! Estava-se a guardar a maior parte para o nosso regresso.
Não querendo fazer a desfeita, em vez de nos enfiarmos em casa a recuperar da viagem, num largo cheio de varandas com fotógrafos de robe, andámos a atirar bolas de neve uns aos outros, que não é coisa que se possa fazer todos os dias. E para a qual, como em tudo, é preciso ter pontaria.

(P.S.: Sr. S. Gonçalinho, brincadeirinha, ok?)

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Considero-me uma pessoinha boa de contentar. Não é preciso muito para me deixar a cremalheira à vista. Ainda que o muito a faça reluzir de outra maneira.
Um exemplo? Ir ver o Avatar.

(não sou uma avatarazinha linda?)

Mas com a mesma facilidade se recolhe a cremalheira perante as contrariedades. Por exemplo, se logo pela manhã escasseiam as pepitas de chocolate nos meus Clusters.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

"Um bom ano!!"
Já mói o juizinho de tanto entrar pelo ouvido hoje.
As pessoas não sabem ser um bocadinho menos simpáticas?
É simpatia que numa segunda-feira encharcada pós-festas cai em saco roto.
A intenção é boa, mas de boas intenções está a paciência cheia. Nesta segunda-feira encharcada pós-festas.
Amanhã já me sabia a outra coisa...
Hoje não vale a pena desperdiçarem simpatia comigo. Porque hoje é um daqueles dias em que não vejo feriados no horizonte, em que tenho mais cinco dias pela frente e em que tenho ainda que enfrentar muita poça até chegar a casa.
Mas não sou só eu que me encontro nestes preparos. As próprias ruas por que passei a caminho do trabalho esmorecem e afundam perante tão inóspitas perspectivas. Aqui e ali abrem-se buracos no caminho que nos põem a perguntar o que terá acontecido ao chão por baixo da calçada. Não haverá simpatia que me valha quando me acontecer como à outra minha vizinha que há uns anos vinha descansadinha do supermercado e depois de mais um passo deu por ela enterradinha até à virilha.
Nestas segundas-feiras encharcadas pós-festas andar a pé é uma actividade de risco. Azedume corrompe o betume. Nunca se ouviu dizer, mas não deixa de ser menos proverbial.
Mas não hei-de ser eu a estragar a segunda-feira pós-festas aos que tenham mais seca, ou se ralem menos com estas miudezas, ou ainda estejam a resscar. Portanto: