Estatisticamente estou quase, quase fora de validade.
Os 26 anos e oito meses já espreitam ao virar da esquina, prontos para me saltarem para cima e colar a etiqueta de encalhada.
Lá diz o povo, a Shakira (a bem dizer essa fala nos 30), e a estatística que as mulheres se casam antes dos 26 anos e oito meses.
26 anos e oito meses, dizem eles, é a média de idades com que as mulheres dão o nó, já com uma tesoura atrás das costas para o cortar aproximadamente 4 anos depois.
Dizem que é a média, mas já se sabe que há médias que são datas limite, há médias que depois de cruzadas nos condenam ao falatório.
“Coitada” já se comenta. “ Não consegue agarrar um homem...”
Suponho que no dia em que os meus tempos de casadoira derem o último suspiro os meus dentes se hão-de encavalitar, o bigode enfarfalhará e exalarei um odor pestilento dos pés. Não restarão dúvidas de que fiquei para tia. Isto se minha irmã pequena, que também não está a ficar mais nova, não me der o desgosto de se juntar ao clube e me condenar a ser apenas uma solteirona.
Como a profissão também não promete dias desafogados, nem trocos terei para pagar a um jovem para que se esqueça das cócegas que o bigode possa fazer.
Enfim, não serei só eu banida do convívio social (reservado a casais bem casados). Tenho pena... amigas tão lindinhas as minhas, sem um homem que as salve do cholé e do velo na venta... Os namorados são entretém, não garantia...
Infelizmente, o tempo que resta ainda jeitosinha, não chega para arranjar igreja, restaurante e vestido... Terei que me conformar em ser apenas uma mulher feliz comigo própria, com dentes encavalitados incluídos. Afinal, há gostos para tudo...

(Ainda que no fundo esperneie a esperança de não ser yogurte, que expira um dia depois da data que está na tampa, antes ser pacote de bolachas, que aguenta uns mesitos fora de prazo sem criar bolor)