Bolha

Porque a minha história não podia ficar sem pontuação...

segunda-feira, março 06, 2006

Acabou...


... um longo período de reclusão auto-inflingido. Avareza de vírus! Quando têm a infeliz ideia de possuir este corpinho, não imaginam a sorte que os aguarda. Olhos chorosos, pingo constante, vias respiratórias engarrafadas, garganta inflamada... não partilho com ninguém! Vírus que pretenda constituir família desengane-se!!! Sprays, pastilhas, chás, paracetamol - os meus vírus morrem intoxicados e a progenitura acaba num caixote de lenços usados.

Levou uma semana o extermínio da leva deste ano. Os sacaninhas estavam vacinados contra as mezinhas da praxe e por muito que me enfrascasse de substâncias de gosto duvidoso não havia forma da respiração asmática dar sossego às minhas noites. Desta vez não houve ruindade crónica que me valesse para impedir a entrada a indigestos e a afonia foi tal que nem blasfemar audivelmente a respeito podia...

Levou uma semana, mas foram erradicados e viram chegar o fim sem descedência para assegurar maleitas alheias. Na família não havia invasão possível. Estava tudo imunizado graças a patologia anterior.
De legado deixaram-me uma tosse raquítica, uma especial propensão para sangrar do nariz (sou uma vampira em potência) e muita coisa atrasada, designadamente este blog. Depois de uma veemente crítica à estagnação... Culpem os vírus. Ou culpem a Gata - suspeito que era tanta a vontade de que eu não ligasse, que fez um pacto com alguma galinha infectada! E tal não foi o fervor do pacto, que teve efeitos secundários: o meu cóxis resolveu fazer uma ameaça de re-raxadela. Felizmente ficou-se pela ameaça.

Comemorei o adeus aos meus prezados intrusos com uma noite de Óscares. Eu, uma "Premiere", um pacote de filipinos e um monte de filmes que não vi, aconchegadinhos no escuro até às 4:30 da madrugada... Longe vão os tempos de noites gloriosas de divergências artísticas, conhecimento de causa, uma mesa recheada e boa companhia... Só me sobrou a manhã na cama para recordação (sim, porque eu continuo a fazer gazeta).

A bem dizer a minha semana de controlo de epidemias teve 2 pequenos (e potencialmente fatais) interregnos.
O 1º por ocasião do aniversário da minha irmã, que curiosamente coincidiu com o dia de Carnaval. Como boa desocupada que se preze resolvi não ficar sossegadinha a curar o achaque. Deixei-me levar pela imaginação (alucinações, para quem tiver a oportunidade de ver as fotos), contagiei a mana (com a alucinação, que o egoísmo de vírus persistia) e acabámos as duas com pinta de ETs desencaminhados. O resto da família apareceu muito composta (excepto a prima pequena, que é uma moça sempre solidária com a loucura alheia), mas não chegou nenhum elemento ao café sem um bigode a preceito ou uma careca pintalgada. Jamais a reputação das manas e prima seria manchada em solitário. Se é para a desgraça, que seja a ruína da família inteira.
Agora que recuperei a sanidade concluo que o comportamento demente de mim mesma e da minha irmã mesma não terá passado de uma retaliação contra o mundo por uns olhos pingões e
uma privação de hidratos de caborno respectivamente.

O 2º interregno envolveu uma chamada às 3:30 da madrugada. Um despertar brutal para a morte de uma tia avó, mais avó que tia. Um "day after" cheio de pressa e recados, de telefonemas a que a minha afónica garganta não conseguia dar resposta. Um funeral de chuva, em que a cova era pequena, e em que a cerimónia foi grande demais - com sermão da "sacristoa" para rematar, que incluiu frases tão lindas como "os verdadeiros cristãos na beira contam-se pelos dedos" (coisa que uma minhota, segundo ela, tinha de salientar), "não importa a presença do padre no funeral, se não se salvou antes não adianta" (a razão pq nunca pagarei aquela coisa ridícula que é a congra) e ainda "a família quer um padre no funeral quando nunca vai à missa". Acho que só a estupefacção conservou o silêncio. E se eu tenho raiva dessa estupefacção por não me ter deixado dar voz à revolta e indignação!! Que triste papel daquela pura alma e que falta de respeito por quem já não podia responder...
Enterrados os mortos, destacam-se os vivos. Os que nunca deram nada, os que nunca se lembraram, mas querem tudo. Haverá pior corja que uma turba de herdeiros que desprezam as pequenas coisas que fizeram a nossa história (e têm o lixo por destino) e que não hesitam em insinuar que quem sempre esteve lá "se aproveitou" do falecido?Que despejam a lágrima convencional no enterro e dois minutos depois já estão a fazer uma relação de bens? Abençoados testamentos!

Uma palavrinha à D. Ameixa Maria. Agradeço desde já as joaninhas pornográficas, muito sugestivas, a alegria do meu dia. Como pode deduzir só ontem tive a encomenda nas mãos e fez grande sucesso tanto aqui no escritório, como lá em casa (assim que a consegui arrancar do escritório). Gostei muito, se bem que o seu talento natural poderia ser um bocadinho mais reles, porque agora não tenho coragem de começar a rabiscar o dito cujo. Farei nova tentativa assim que recuperar do choque que a sua idade me causou. Bons velhos tempos em que eu era a "mais nova". Oh decadência!!!!
Mais um coisinha: pelos meus prestimosos futuros serviços ficou acordado um upgrade na encomenda e portes de envio. Trate de me informar onde poderei depositar o valor em débito, ou quer começar a nossa relação comercial com uma acção por incumprimento de contrato?
E Deus lhe pague por tão úteis recomendações, que o dano causado à 1ª página do meu livro já não há quem remedeie... :)

Uma última palavrinha para a D. Gata: ou me tira o quebranto desta malfadada gripe, ou não há receita de bolinho para ninguém!

3 Comments:

At 07 março, 2006 13:43, Blogger bailaroska said...

Amore,um beijo muito grande pela tua perda. Não sabia...
Se eu fiquei chocada, imagino a vossa indignação: que completa idiota era essa mulher! Que falta de respeito!

Quanto aos óscares, já não é o mesmo... Trocava tds os crepes do mundo pela vossa presença naquela noite...

Beijo enorme. Espero q já estejas recuperada das tuas enfermidades

 
At 08 março, 2006 19:41, Blogger Ameixinha Verde said...

Ok... quanto à "sacristoa" bom... deveria ela ter estado no funeral do meu tio que lhe passavam logo os falsos moralismos. Já estou mesmo a ver a mulherzinha a pregar e o meu padrinho a berrar para a vizinha do outro lado da sepultura "oh Bia, vê lá se o puto não te mija para a boca" (longa...longa história). Seguia-se concerteza a intervenção da minha tia (também conhecida por viúva chorosa com ataques de riso aleatórios) que, desviando a coroa de flores com o simbolo do SLB (ah pois é), se mandava às fussas (é assim?) da senhora.
Fico mais descansada em saber que o livro chegou ao destino! :)
Vou já mandar o mail com as informações necessárias para que o contracto seja cumprido (ai o medo do processo).

 
At 10 março, 2006 18:01, Blogger Taralhoca said...

Qd tiver outro funeral (bate na madeira...) convido-t e trazesa tua família. Uma excursão à beira. Prometo vinho tito chóriça assada e mts galhardetes do benfica!

 

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