Por aí...

Andar.
Quase sempre com o destino já escrito nos pés.
Uns pés ensinados que já não pedem direcções e me deixam divagar.
Andar para chegar a qualquer lado sem esquecer que se andou. Andar e chegar, quando continuar a caminhada era tão mais sedutor que a chegada.

Andar.
Um entretanto em que estou só comigo. E em que falo, rio, recrimino, medito só para mim.
Vejo tudo, não reconheço ninguém.
Não estou ali, já segui caminho.

Andar sem pressas.
Sozinha.
Debaixo do sol. Pela mão de um guarda-chuva.

Invariavelmente vou a trautear uma canção da cor do humor do dia. Invariavelmente o ritmo da escolhida dita a velocidade do andamento. Invariavelmente dita a cara com que chego. Hoje cheguei cedo e sorridente. Hoje a canção era "Dancing in the Street".

Às vezes andar é fazer uma apanhado de defeitos, é uma incessante comparação... é aquela tão magra, tão bem vestida e (ó céus) não é uma, são quase todas... é um aperta o casaco que vais feia, ata o cabelo que vais mal... é uma ânsia de montras de que nunca se soube o conteúdo, só o reflexo de um rabo que não devia ser assim e de uma camisola que cai mal.
Outras vezes não sobra vontade para não ser feliz e não me sentir perfeita.

Adoro andar.