Não se volta a casa sem nada nas mãos.É o primeiro mandamento da minha avó.
Fazer o caminho e chegar de mãos vazias é um desperdício de energias assim a modos que a atirar para o pecado.
As mãozinhas são uns lindos apêndices, mas Deus nosso senhor não no-las deu só para brincar com o telecomando e coçar o nariz. Se Deus nosso senhor as pôs na ponta dos bracinhos terá sido com certeza para trabalhar, que Deus nosso senhor não criou preguiçosos (isso foi exclusivamente mérito nosso)
É um mandamento complicado de aplicar na cidade, onde soa a incitamento ao gamanço. Mas na aldeia, sempre que não envolva galinhas do vizinho, dá-se conta do recado. Pelo menos uma pinha na mão a minha avó traz sempre.
O passado fim-de-semana foi de vindima.
Digamos que se vai beber pouco vinho este ano.
Não regressávamos a casa de mão a abanar, mas sendo a colheita tão fraca amostra e a vontade de sermos devolvidos pela avó à procedência tão pouca, fomos apanhando aqui e ali o que estava mais… maduro.
Chegámos a casa com uvas… diospiros, maçãs, marmelos e romãs.
Não se volta a casa sem nada nas mãos.
Os mandamentos da avó dão boa salada de fruta…





Férias traidoras estas que reduziram a ração diária de chocolate a um quadrado e que deram cabo (por esmagamento, pois claro) do post que aí vinha. Uma sentida homenagem ao sujeito que inventou o vidro, vidro que além de nos guardar da chuva e dos mosquitos e de dar vista à coscuvilhice, está sempre pronto a sorrir a uma prezada curva, a anicar a indumentária e a dar um jeito ao cabelo a cada porta, janela ou montra. Função socialmente relevante. Para a sociedade feminina, pelo menos. Os homens coçam, as mulheres olham. Não para a micose – dor, dor, agonia, sofrimento! – mas para a imagem que o vidro nos “devolve”

